28/10/2018

O direito ao voto é parte dos direitos humanos, aponta internacionalista

Camila Asano, coordenadora de programas na Conectas. Foto: Ruam Oliveira / OBORÉ

“Negar os direitos políticos associados ao poder de voto é negar parte dos direitos humanos”, apontou a coordenadora de projetos na Conectas, Camila Asano. Ela participou de entrevista com participantes do 5º Curso de Informação em Jornalismo e Direitos Humanos no último sábado, 20, em São Paulo.

Pela legislação brasileira os migrantes residentes no país não possuem direito de votar. Estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas que moram no Brasil estão sem esse direito. Há uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) em trâmite que tenta alterar essa realidade. Atualmente apenas brasileiros natos e naturalizados podem votar.

“São pessoas que estão aqui e têm já contribuído tanto com nossa sociedade, que querem ter a voz também na definição dos rumos da cidade, do Estado ou do país”, disse Asano. Alguns movimentos, como o “Aqui Vivo, Aqui Voto”, encabeçado pelo Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC), ressoam a fala da internacionalista.

Ela apontou que dar a chance para que migrantes votem “atenderia à realidade de um Brasil que tem recebido migrantes e refugiados de diferentes nacionalidade e que acabam ficando por aqui”.

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Uso correto da palavra

Influenciada no Brasil pela chegada de refugiados e migrantes fugidos da crise na Venezuela, a temática da Migração tem ganhado força no noticiário brasileiro. Camila Asano, no entanto, reforça que é preciso saber como abordar corretamente a questão.

Ela ressaltou sobre a importância do uso adequado de termos para que as notícias não sejam lidas e interpretadas de maneira errada. O uso da palavra “Migrante”, por exemplo, é o adotado pela instituição em que atua por ser “mais abrangente” e englobar tanto pessoas vindas de outros países, como aqueles que migram dentro de sua nação de origem.

A coordenadora também apontou as diferenças entre migrante, refugiado, exilado e asilado, como exemplos de possibilidades de designar pessoas que viveram ou vivenciam algum tipo de deslocamento que pode ser causado por perseguições, violência, ameaças, entre outras.

O módulo do Projeto Repórter do Futuro realizado pela OBORÉ em parceria com a Conectas e o Instituto de Pesquisa, Formação e DIfusão em Políticas Públicas e Sociais (IPFD), conta com o apoio da Abraji e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, e segue até o dia 24 de novembro.

Confira aqui a programação completa do módulo

Programação 


1/9, sábado | 9h às 14h | Jornalismo, hoje: reflexões e práticas
por Marcelo Soares, coordenador pedagógico do curso


15/9, sábado | 9h às 14h | Sistemas ONU e OEA
por Jefferson Nascimento, assessor do Programa de Desenvolvimento e Direitos Socioambientais da Conectas   

22/9, sábado | 9h às 14h | Sistema prisional brasileiro
por Marcos Fuchs, Diretor Adjunto da Conectas

29/9, sábado | 9h às 14h | Impacto de grandes obras
por Caio Borges, Coordenador da Conectas em Desenvolvimento e Direitos Socioambientais


20/10, sábado | 9h às 14h |Migração
por Camila Asano, coordenadora de Programas da Conectas

10/11, sábado | 9h às 14h | Política Criminal
por Rafael Custódio, coordenador do programa de violência institucional da Conectas


24/11, sábado | 9h às 14h
Encontro de Confraternização e Encerramento

Avaliação do curso pelos estudantes e equipe de coordenação e entrega de certificados