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Concerto Cantos de Paz em Tempos de Guerra é assistido por D. Paulo

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Ouça aqui o nosso boletim sonoro sobre o evento

Programação

 

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Cantos de Paz em Tempos de Guerra: coral presta homenagem a D. Paulo
Carlos Minuano (colaborou Carolina Buriti)

Durante o evento “Um dia de um vida inteira”, homenagem da PUC aos 83 anos de D. Paulo Evaristo Arns, a Comunidade Coral Luther King e o Fórum Coral Mundial, sob a regência do Maestro Martinho Lutero, apresentaram ontem o concerto “Cantos de Paz em Tempos de Guerra”, com músicas que cantam a paz e a liberdade e textos que refletem as injustiças sociais, as limitações à liberdade e aos absurdos da guerra.
 
Desta forma, momentos tortuosos de nossa historia foram lembrados, como a tortura no tenebroso período da ditadura militar no Brasil, o nazismo e outros infindáveis conflitos e violências que, infelizmente, ainda se alastram insistentemente por todos os cantos do globo. Mas como contraponto à dureza de alguns dos textos lidos, canções repletas do sentimento de esperança e amor.
 
O Coral Luther King foi criado há 35 anos, em São Paulo, pelo maestro Martinho Lutero. Em 2002, após uma apresentação de abertura do 2 º Fórum Social Mundial, acabou por gerar o Fórum Coral. “Várias pessoas  que foram participar do Fórum Social , quando viram aquele coro disseram: ´bom, se eu soubesse eu também teria vindo cantar´. E então nós tivemos a idéia de lançar esse Fórum Coral Mundial junto com o Fórum Social Mundial”, conta  Lutero.
                                                                                                                                    Flávia Dantas
Público lotou o Tucarena na noite de ontem no concerto de 
homenagem a D. Paulo
 
Para ele, a idéia era criar uma via de mão dupla, “quem vem para o Fórum por motivos sociais e gosta de cantar aproveita para cantar dentro do Fórum Coral. Quem vem para cantar, aproveita para participar do Fórum Social Mundial”.
 
Apesar de continuar ligado às idéias do Fórum Social, o Fórum Coral, depois do 3º FSM começa a ter vida própria independente. O evento “ Cantos de Paz em Tempos de Guerra”  é um dos desdobramentos dessa trajetória solo. Durante toda essa semana quatro concertos (entre eles a homenagem de ontem a D. Paulo Evaristo Arns) apresentam músicas tradicionais e populares do mundo todo, com destaque para a 1º audição no Brasil de Requiem, do compositor negro cubano Esteban Salas,  e textos de Carlos Drumond de Andrade, Martin Luther King, D. Paulo Evaristo Arns, entre outros.
 
Presente na apresentação do Coral, D. Paulo elogiou o evento realizado na PUC, que reuniu durante todo o dia uma série de atividades e debates em torno de questões bem familiares à ele, como comunicação popular, rádios comunitárias e democratização da informação. “Tanto os intelectuais como os simples, todos eles tem alguma coisa a me dizer e me transmitem, sobretudo, entusiasmo para trabalhar pelos pobres, doentes e por aqueles que mais precisam”, afirmou D. Paulo. Após o concerto em sua homenagem, ele conclui: “Eu achei uma coisa finíssima, digna de uma universidade e também exprimiu aquilo que o povo sente no coração”.
 
O útimo texto lido na apresentação é do próprio D. Paulo, onde ele fala sobre a morte de Don Oscar Romero, arcebisbo de El Salvador, violentamente assassinado em 1980, e questiona o sentido da paz: “(...) a paz não é simplesmente a ausência da guerra, ela não é simplesmente bem-estar. A preliminar mais importante da paz é o mistério do amor incondicional.”
 
Seguindo na mesma direção das mensagens de esperança e amor de D. Paulo, o Coral Luther King e o Fórum Coral Mundial, ao lançarem um olhar sobre o conflito a a guerra, buscam abrir as janelas de “um outro mundo possível”, através de “um outro canto possível”. Como disse D. Paulo: “A todos, coragem e esperança!”



CONCERTO

Cantos de Paz em Tempos de Guerra

Grupo de Câmara da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
e Coral Luther King
Regência: Maestro Martinho Lutero

Um dia de uma vida inteira

Em 1973, auge da ditadura militar no país, o Coral Luther King foi censurado e quase impedido de realizar um de seus concertos pois no texto da cantata constava: “sua igreja inteira em ação, contra toda e qualquer opressão”. Foi a intervenção de D. Paulo, através da concessão de uma “benção especial”, que possibilitou a execução da obra e a realização do concerto no dia 17 de abril, no auditório do MASP.

A intenção deste concerto de hoje é homenagear D. Paulo Evaristo Arns com um dia de atividades que abordam temas ligados às lutas de sua vida ou à sua vida de luta. Comemorar os seus 83 anos de vida nos leva a mapear sua trajetória, influência e importância nos rumos da defesa dos direitos humanos, da democratização das comunicações e nos rumos da liberdade de expressão no Brasil. É homenagear, acima de tudo, uma vida dedicada à luta contra as injustiças sociais, contra a violência das ditaduras, contra a opressão do silêncio imposto.

Cantos de Paz em Tempos de Guerra

Com músicas sobre a Paz e textos sobre a Guerra, a Comunidade Coral Luther King realiza este concerto, cantando e lançando um olhar sobre os tempos de conflito e guerra do novo século. Cantando e buscando abrir as janelas de ”um outro mundo possível “, através de um “outro canto possível ” .

É assim que o texto profético de Martin Luther King sobre o apodrecimento do sentimento do mundo em relação ao povo americano é sublinhado pelo som marcante da música tradicional dos negros escravos norte-americanos.

São Bernardo, com seu texto emocionante de 1163 “Quid sunt plagae istae in medio manum tuarum “, na cantata Ad Manus de Buxtehude, nos recorda a dor do mundo ao descobrir, numa triste manhã de 2004, que a tortura e o divertimento em fazer sofrer prisioneiros é prática ainda agora comum entre os “ nossos” soldados.

Darcy Ribeiro, em sua obra-prima Mayra, nos chama atenção para a violência contra os povos étnicos brasileiros, na guerra eterna, sem fim, de uma cultura branca, agressiva e prepotente. Claudio Monteverdi nos dá o contraponto deste massacre da alma, com o Lamento de Arianna “ Lasciatemi Morire“ .

Em primeira audição no Brasil, ouviremos as emocionantes notas do “Requiem” de Esteban Salas, compositor negro cubano que nos presenteia com sons do período colonial do seu país. Dedicamos esta execução ao ícone da luta contra a opressão na América Latina, Che Guevara.

Este concerto inaugura uma parceria de tempo, idéia e espaço com a Associação Cultural Cachuera! e seu grupo de percussão, que esperamos seja longa e profícua.

Confira o programa de sala