Tudo começou no sábado 28, quando o jornalista Gilberto Dimenstein, que havia participado do Projeto Repórter do Futuro, soube da articulação para mudar o nome do bairro Vila Buarque para Vila Chico Buarque. Gostou da idéia e logo na segunda-feira 30, no seu comentário diário no programa "CBN Notícias", apresentado pelo Heródoto Barbeiro, deu a notícia, repetida depois no "CBN São Paulo", ancorado por Milton Jung. A repercussão foi imediata. O assunto foi matéria da Folha de S. Paulo e retomado no programa do Jung, na terça 31, quando Sergio Gomes, diretor da OBORÉ, foi entrevistado. E os telefonemas não páram até hoje. Que história é essa de mudar, de repente, o nome da Vila Buarque?
Na verdade, a história não começou ontem, mas há dez anos pessoas que moram ou trabalham no bairro, que começou a se formar na última década do século XIX, pensam em propostas de revitalização urbanística e cultural da Vila Buarque, onde está localizado o Mackenzie, a Escola de Sociologia e Política, o Centro Universitário Maria Antonia, a Escola da Cidade, a Santa Casa, o Edifício Copan, o Edifício Itália, o Sindicato dos Jornalistas, o Instituto dos Arquitetos, a Ação Educativa, o Instituto Pólis, a Secretaria Municipal da Saúde, além de teatros, como o Arena, restaurantes e casas comerciais.
A mudança do nome do bairro é apenas uma das propostas para que o bairro passe a existir para os paulistanos; muita gente não sabe onde fica a Vila Buarque, mesmo sendo um bairro localizado no centro da cidade. É também uma homenagem ao Chico Buarque que frequentava o bairro no início da carreira, se reunindo com Toquinho e o MPB4 no "Bar sem nome", na Rua Dr. Vila Nova, ou no "Bar do Zé", da Rua Maria Antonia.
A Vila Buarque tem edifícios altos e casario baixo, formando o que os arquitetos chamam de "empenas cegas", paredes muito altas sem nada. A idéia é convidar artistas plásticos e cartunistas para que, inspirados nas músicas de Chico Buarque, criem livremente nesses locais. Alguns desses artistas, como o Laerte e o Maringoni, já aceitaram o desafio.
No encontro deste sábado, na OBORÉ, de apoio ao projeto de lei 145/01, onde estarão as principais entidades do bairro, será definida a data do plebiscito para a comunidade da Vila Buarque dizer se quer ou não a mudança de nome do bairro. O plebiscito será antecedido de um amplo debate envolvendo todas as pessoas que tenham algum tipo de ligação com o bairro: moradores, comerciantes, estudantes, entidades de classe, ONGs, entre outros.
Ouça o comentário do Gilberto Dimenstein no programa "CBN Notícias", do Milton Jung.
A seguir, a matéria da Folha de S. Paulo, de 31 de maio sobre o assunto. Logo abaixo a íntegra da entrevista de Sergio Gomes ao Milton Jung, no dia 31 de maio.
PEDAÇO DE MIM
Grupo quer plebiscito
Proposta inclui nome de Chico à Vila Buarque
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vila Buarque, no centro de São Paulo, pode ganhar um novo nome: Vila Chico Buarque. A proposta será lançada sábado na sede da editora Oboré, que desenvolve o projeto Vivavila, destinado a requalificar o bairro.
A homenagem está relacionada, segundo Sérgio Gomes, diretor da entidade, a uma reflexão sobre a região, que, apesar de congregar entidades como o IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), a Santa Casa e o Instituto Pólis, tem perdido seu caráter de pólo cultural e intelectual. Chico foi escolhido, diz ele, por ser uma pessoa que "pensa o Brasil" e, no início da carreira, ter freqüentado o local.
Segundo Gomes, o evento reunirá os principais grupos que atuam na região para definir a data, as regras e a comissão organizadora do plebiscito sobre a mudança. A escolha será aberta a moradores e usuários da região.
Embora os nomes de ruas