Foi bem assim. Estávamos em pleno Curso de Formação em Educomunicação, atividade regular desenvolvida pelo GENS – Serviços Educacionais e pela ONG Projeto Cala-boca já morreu.
Era 5ª feira, 20 de julho de 2006, dia de tratar do tema Rádio Comunitária, e o nosso convidado era o Sergio Gomes, jornalista e diretor da OBORÉ. No meio de sua palestra, às 11h30, ele foi interrompido para atender a uma ligação urgente. Era a Cristina Cavalcanti, socióloga, responsável pelo relacionamento com as emissoras parceiras do Núcleo de Rádio da OBORÉ, que também é o Escritório Paulista da Associação Mundial das Rádios Comunitárias e Cidadãs - AMARC.
De que se tratava? Do fechamento da Rádio Heliópolis, associada à AMARC, localizada na segunda maior favela da América Latina, com nada menos que 125 mil habitantes. Há 14 anos no ar, soubemos depois que a Heliópolis fazia 7 anos que aguardava licença do Ministério das Comunicações para funcionar.
Sergio pede à Cristina o telefone celular do Geronino Barbosa, diretor da rádio que, a esta altura, já estava quase chegando à sede da Polícia Federal acompanhando os equipamentos apreendidos. Fala com ele, explica que está na sede do "Cala-boca" com mais de 20 comunicadores e educadores e que iria ajudar a multiplicar os contatos com os parceiros, os aliados. E que, como primeiro passo, conversasse um pouco com a Grácia Lopes, diretora do GENS e uma das criadoras do "Cala -boca".
Grácia manifesta imediata solidariedade em nome de todos e que, como primeiro gesto, iria projetar para os alunos o documentário "A Cidade do Sol nas Ondas do Rádio" produzido pelo Itaú Cultural em 2005. Assim, todos saberiam, concretamente, que tipo de trabalho, que tipo de emissora estava sendo atacada "em nome da lei".
Começava ali - através do celular do Gerô, da "central telefônica" em que se transfomara a Cristina e Terlânia, dos emails e contatos da equipe da UNAS - das articulações do "Cala-boca" - uma das maiores demonstrações de força da sociedade civil organizada: ligações que viravam mensagens disparadas por e-mails que, por sua vez, eram encaminhadas a outros tantos... Não demorou e uma rede enorme de pessoas e organizações se formou em torno do fechamento da rádio. Foi um show de solidariedade!!!
Pouco depois, chegou a notícia de que um Ato em Defesa da Rádio Heliópolis fora marcado para o sábado seguinte, dia 22 de julho, na quadra da UNAS, em Heliópolis. Foi então que soubemos que o fechamento da Rádio não se dera de forma arbitrária por parte da Polícia Federal e/ou da Anatel: os agentes lá chegaram com mandato judicial e fizeram tudo de acordo com a Lei. Mais tarde, soubemos também que os principais coordenadores da Anatel haviam encontrado uma solução tchr