No segundo dia do Curso Preparatório do módulo Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter, novos olhares sobre a desconhecida região foram despertados nos alunos que entre os dias 21 e 26 de julho farão uma viagem à Amazônia. Diferentemente do lado operacional dos patrulhamentos e demais atuações militares na área apresentadas pelo do Exército na aula inaugural do curso, hoje (16), os 20 alunos selecionados para o módulo conheceram o trabalho realizado por profissionais que atuam na Amazônia em busca de alternativas socioambientais para a região.
Alexandre Pessoa da Silva, geólogo e químico especializado em Amazônia, iniciou o ciclo de palestras desta manhã, abordando temas como o garimpo e a influência dos grandes projetos desenvolvimentistas na região amazônica – que desde o Estado Novo passou a ter um fluxo migratório intenso para a região. “Os projetos das grandes estradas foram o chamariz para essas áreas. Processo esse, iniciado no governo Getúlio Vargas e intensificado no regime militar com projetos como a construção da Transamazônica, Cuiabá-Santarém, além de programas como Calhanorte, Carajás, que visavam uma sustentabilidade econômica para ter ocupada a região”, diz.
Esse modelo de ocupação, segundo Pessoa, trouxe uma série de conflitos para a região, principalmente, no que se refere ao desmatamento. “De quanto mais longe é o migrante, maiores os danos ao meio ambiente e impactos na região. Um exemplo é que esses homens que vieram para povoar a Amazônia nesses projetos e, posteriormente, em busca do garimpo, queriam acabar com a floresta, pois não sabiam se relacionar com essas áreas. Desmatavam para formar pasto, ou exploravam as riquezas da região”, explica. Pessoa falou ainda sobre suas pesquisas sobre a contaminação por mercúrio em áreas de garimpo de ouro – foco do seu trabalho.
Já o antropólogo Rogério Duarte do Pateo, da equipe de monitoramento de terras indígenas do Instituto Socioambiental, além de apresentar o trabalho realizado pela instituição fez uma breve introdução à questão indígena no Brasil. “São informações que todos os jornalistas que pretendem fazer algo que saia do óbvio sobre o assunto precisa conhecer”, alerta o antropólogo.
Rogério mostrou as áreas ocupadas por grupos indígenas na região amazônica e criticou a forma conservadora que ainda se trata a questão da demarcação das terras indígenas. Rebateu ainda uma das visões apontadas pelo coronel Netto – que falou ontem aos estudantes do projeto – sobre o “vazio demográfico” que existe na região. “E os povos indígenas que habitam essa região?”, pondera. Rogério lembra que hoje, no Brasil, existem cerca de 480 mil índios vivendo em aldeias, de 227 povos diferentes. Metade deles, na região Amazôn