A Sessão Averroes apresentou na última quarta-feira, dia 3 de dezembro, o filme Na Natureza Selvagem para os cerca de 200 convidados que encheram a sala BNDES da Cinemateca Brasileira. Após a exibição do longa, que tem 147 minutos de duração, o evento continuou com a Mesa de Reflexão. O debate se desenvolveu a partir de análises sobre o protagonista, o jovem Christopher McCandless, interpretado por Emile Hirsch. A atividade foi marcada pela presença de pessoas mais jovens, tanto na mesa como na plateia.
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A médica Maria Goretti Salles Maciel esteve no comando da mesa ao lados de outros três convidados, o psicanalista Walmir Cedotti, o arquiteto Filipe Barreto e o artista plástico Paulinho Fluxus. Como o filme abre espaço para diversas discussões, os presentes expressaram diferentes opiniões, que em alguns momentos foram complementarem e em outros opostas.
A reflexão do Dr. Walmir Cedotti foi a partir de uma temática mais voltada para o lado da filosofia. Segundo ele, o filme mostra a busca de Christopher McCandless pela iniciação masculina, em um cenário no qual ele não se identifica com a figura paterna e vai atrás da própria identidade. Apesar de o jovem deixar o campo materno, o psicanalista defende que ele encontra a figura feminina no envolvimento com a mãe Terra e com a natureza.
O artista plástico Paulinho Fluxus optou por deixar suas impressões a partir de uma crítica ao modo que se vive na sociedade urbana, onde, segundo ele, existe a “ritualização da vida”. Embalado pelo filme, que destaca um trajetória incerta em busca da realização pessoal longe da civilização, ele fez os convidados pensarem se na cidade há espaço para sentir emoções profundas de autoconhecimento ou oportunidade de deixar o incerto acontecer. Sua conclusão foi de que o cotidiano na cidade não permite esse tipo de vivência.
Já o arquiteto Filipe Barreto usou um tripé formado pelos elementos sociedade, liberdade e felicidade para discorrer sobre o seu ponto de vista. O que é a sociedade, quais são os limites da liberdade e por que buscamos a felicidade foram questionamentos colocados por ele. Barreto destaca o rompimento do protagonista com as relações humanas, mesmo com as que ele encontra ao longo da trajetória, e lembra que o personagem só sobreviveu por tanto tempo por causa das pessoas que encontrou, pessoas essas que tiveram compaixão.
Outro ponto interessante comentado pelo arquiteto é a morte, que, de acordo com a sua reflexão, aconteceu em dois momentos. A primeira, quando o personagem escreve a frase “A felicidade só é real quando compartilhada”, é a morte de Alex Supertamp (nome fictício inventado pelo jovem ao longo de sua fuga). A segunda é a morte física de Christopher McCandless, que é consequência da trama.
Para Walmir Cedotti, o grande ensinamento do filme é que não é possível viver sozinho. O psicanalista ainda chama a atenção para a importância de viver junto com o outro, “de preferência que o outro seja diferente, porque o diferente completa”.
Leia a seguir a opinião dos convidados Paulinho Fluxus e Filipe Barreto sobre a atividade.
Eu acho fundamental esse espaço de reflexão, acho que foi muito positivo assistir o filme com esse olhar de pensar reflexões que interessem aos outros. Trouxe outro espaço de atenção, que eu acho que é o desafio que a Sessão Averroes tem colocado, de abrir esse espaço de tocar em questões profundas e poder falar