18/04/2006

Senador Del Roio lança ´´Zarattini - A Paixão Revolucionária´´

Recém-eleito senador na Itália, o brasileiro José Luís Del Roio, 63, lança no próximo dia 25 de abril, a partir das 19 horas, no Ícone Espaço Cultural ( Rua Augusta, 1415 - Jardins - São Paulo - Capital) , o livro Zarattini - A Paixão Revolucionária. Zarattini e Del Roio, que disputou sua primeira eleição parlamentar pelo Partido da Refundação Comunista, estarão presentes para uma conversa e troca de opiniões.

Reproduzimos a seguir, entrevista de José Luiz Del Roio à Agência Carta Maior (www.agenciacartamaior.com.br), logo após sua eleição e publicada no dia 12 de abril de 2006.


Foto: Gilberto Maringoni
ENTREVISTA – JOSÉ LUÍS DEL ROIO

Brasileiro elege-se senador na Itália e avalia mudanças na Europa

José Luís Del Roio, 63, acaba de se eleger senador na Itália pelo Partido da Refundação Comunista. Segundo ele, “é preciso ficar claro que só houve a possibilidade de se derrotar Berlusconi por existirem os Fóruns Sociais Mundiais e pelos gigantescos protestos que realizamos aqui contra a globalização neoliberal e pela paz”. 

SÃO PAULO – O brasileiro José Luís Del Roio, 63, acaba de se eleger senador na Itália. Militante desde os 17 anos de idade, ele disputou sua primeira eleição parlamentar pelo Partido da Refundação Comunista. Sua trajetória, desde Bragança Paulista, no interior de São Paulo, onde nasceu, até o parlamento italiano daria um rocambolesco roteiro de cinema.

Dirigente do PCB, nos anos 1960, o atual senador afastou-se do partido após o golpe militar. Fundou, juntamente com Carlos Marighella e outros ativistas, a Aliança de Libertação Nacional (ALN), que abraçou a luta armada como forma de resistência. Quando a ditadura fechou o cerco aos opositores, Del Roio seguiu para o exílio. Trabalhou no Peru, em 1970, durante o governo nacionalista de Juan Velasco Alvarado, e no Chile, na administração do socialista Salvador Allende. Um novo golpe, liderado pelo general Augusto Pinochet, o levou a Argélia. Em 1975, em Moscou, ele volta ao PCB e vincula-se a Luís Carlos Prestes (1898-1990).

Dois anos depois, um pedido do velho dirigente acaba por mudar sua vida. Informações vindas do Brasil davam conta de que as forças de segurança da ditadura localizaram importantes acervos do partido. Eram as bibliotecas de Astrojildo Pereira (1890-1965), intelectual e fundador do PCB, em 1922, e do ex-deputado Roberto Morena (1906-1978). As coleções compreendiam peças únicas de jornais, revistas e livros do movimento operário das primeiras décadas do século XX. Se fossem apreendidas, seria quase certa a sua destruição.

“Prestes tinha um contato com a Fundação Giangiacomo Feltrinelli, de Milão, e me pediu para tirar o material do Brasil e trazer para cá”. Com a ditadura nos calcanhares, ele coordenou a coleta do material, que foi escondido entre malas, almofadas, panelas e móveis de uma brasileira em mudança para a Europa. Durante anos, a papelada foi a base do Archivio Storico del Movimento Operaio Brasiliano, e Del Roio foi seu principal organizador. “Isso me prendeu a Milão”, diz ele, que se casou com uma professora universitária suíça, com quem tem uma filha. Em seguida, obteve sua cidadania italiana. Hoje os documentos estão de volta, catalogados, fichados e arquivados no Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista.

“Devo ser um dos poucos loucos que ama São Paulo”, brinca Del Roio. As novas funções no Senado italiano o deixarão mais tempo afastado da cidade, para onde vem pelo menos duas vezes por ano. Como dirigente do Fórum Mundial das Alternativ