03/12/2009

Quarteto Pererê lança "Balaio" no SESC Santana nesta quinta, 3/12

O segundo disco do grupo, “Balaio”, que será lançado no SESC Santana, mantém a mistura inovadora de gaita, violino, viola e violão, mas aprofunda uma trilha mais complexa que a busca do arranjo musical: a de um repertório maduro, repleto de significado

O saci não é um qualquer. Menino mito. Travesso perneta, de gorro vermelho e cachimbo nos beiços. Esse personagem tem origem no mundo rural paulista e é o moleque-mestre das travessuras e dos moinhos de vento. Também se transformou pelas visões dos folcloristas em um símbolo da nacionalidade. E é esse gene tupiniquim que carrega o Quarteto Pererê, grupo instrumental composto por Alessandro Ferreira (violão 7 cordas), Edson Tadeu (gaita), Francisco Andrade (violão e viola) e Tchelo Nunes (violino). “Balaio”, o segundo disco do grupo, tem seu lançamento marcado para a próxima quinta-feira, dia 3, no Sesc Santana, em São Paulo. E todo ele está repleto de surpresas musicais.

Depois do sucesso do primeiro disco, “Ebulição” - finalista do Prêmio TIM na categoria revelação de grupo instrumental em 2006 -, o Quarteto Pererê lança novo trabalho por um selo independente (Selo Genteboa), decisão mais que acertada em tempos de crise de gravadoras, mas com ampla efervescência cultural. O disco é um amálgama musical, que faz tranças artesanais entre gêneros distintos: une melodia medieval, festas rurais brasileiras e a erudição de Villa-Lobos, cuja morte completou 50 anos em novembro. “Balaio” é digno de uma viagem antropofágica, que une tradição brasileira e uma dose de modernidade. Tão sem modismos, tão simples...

O Quarteto Pererê foi formado em 2002, a partir das comemorações dos 80 anos da Semana de Arte Moderna, como eles mesmos gostam de frisar. Data simbólica. Momento que uniu tradições brasileiras, reestruturou e reinterpretou as músicas da tradição brasileira - do folclore. Com erudição, às vezes. Com popularização, nas demais. Cada uma ao seu tempo. Essa é a chave para entender o Quarteto Pererê. Não estão preocupados em transpor somente o folclórico para o plano erudito. Estão carregados de tradicionalismo e impregnados de um modernismo - aqui entendido como o inovador olhar sobre arte, sobretudo o rompimento da muralha entre clássicos e populares.

O disco começa e termina com citações ao saci-pererê. Na abertura, a “Polka do Saci”, uma composição de Sebastião Nogueira de Lima, inspirada no livro “O Sacy Perêrê: resultado de um inquérito”, uma espécie de bíblia colaborativa organizada pelo escritor Monteiro Lobato em 1918 após receber cartas de populares relatando suas crenças no menino de uma pena só. A música tem um solo de violino que é uma trilha sonora, sem tirar nem por, para um filme de saci. O arranjo final ainda cita um compasso bem escolhido do próprio “Hino Nacional”. Na outra ponta do disco, “Liberdade Pererê” é um gr