O Brasil que chegará ao ano de 2040 com a maior parte de sua população na faixa dos 50 ou mais anos de idade tem um grande desafio para os próximos anos: construir políticas públicas que assegurem qualidade de vida a esta parcela da população. E isto considerando não somente as questões de saúde, mas também de alimentação, trabalho e renda, seguridade social, moradia, meio ambiente, transporte, cultura e lazer.
Para construir uma agenda e organizar uma prática que possa ser transferida e transportada para a formação de pessoas e para a administração pública, especialistas de diversas áreas reuniram-se no dia 24 de novembro em encontro promovido pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), em parceria com o Núcleo de Ensino e Pesquisa do Grupo MAIS - Modelo de Atenção Integral à Saúde, que reúne empresas como Hospital Premier, São Paulo Internações Domiciliares e Proativa Saúde.
O segundo debate de uma série de 12 encontros do ciclo “Idosos do Brasil: Estado da Arte e Desafios” contou com a presença de Solange Kanso, da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e de José Luiz Riani Filho, médico, professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) em Rio Claro (SP), além do médico David Braga Júnior, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas do Grupo MAIS.
“São 5.645 cidades do Brasil que precisam se organizar para atender à população”, lembrou David Braga, coordenador da mesa, destacando aos participantes a necessidade de que sejam feitos investimentos não somente de recursos financeiros, mas também de conhecimento e a reorganização de estruturas.
O debate, contextualizou David Braga, parte do princípio de que o tempo age contra a autonomia e a independência das pessoas a partir dos 60 anos. “O tempo continua o mesmo. No entanto, a partir dos 70 anos, a velocidade da fragilização aumenta muito. No intervalo entre a independência total, os fatores de ordem social e biológica permitem que o indivíduo permaneça independente por mais tempo”.
Sobre a dependência, aliás, alguns números trazidos por Solange Kanso: em 2008, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 15,2% dos idosos não eram capazes de realizar, sem ajuda, atividades diárias como comer ou ir ao banheiro. Além disso, 70% não estavam no mercado de trabalho e 76,9% recebiam benefícios de seguridade social. Entretanto, aproximadamente 21% dos lares brasileiros ainda eram mantidos por idosos, e entre os que dividiam suas casas com filhos (42,9%) ou netos (15,8%), sua contribuição era a responsável por 54,8% do orçamento familiar.
“A renda do idoso não apenas contribui, mas é fundamental em boa parte dos lares. Ela garante o apoio para filhos e netos que se casam mais tarde, saem mais tarde, se separam, retornam com os netos, que tem di