09/02/2006

Participante do Repórter do Futuro ganha Prêmio

Claudia Stein M. Tozzeto, que participou do Projeto Repórter do Futuro, primeiro módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter, ganhou o Prêmio Anhembi de Jornalismo, em 1º Lugar, na categoria Reportagem Impressa, com a matéria: "A difícil tarefa de viver nas ruas de São Paulo". A premiação ocorreu no dia 8 de dezembro, no auditório da Unidade 7, Campus Vila Olímpia.

A matéria premiada foi produzida a partir da palestra/entrevista coletiva com o Ex- Ministro da Justiça, José Gregori, Presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, no dia 07 de maio de 2005.

Leia a matéria, a seguir: 

A difícil tarefa de viver nas ruas de São Paulo 

por Cláudia Tozetto

O constante crescimento do desemprego, decorrente do capitalismo no qual nossa economia está inserida, alastra a realidade da exclusão social. "Só com o novo presidente, após quase 20 anos de baixo crescimento econômico e explosão do desemprego na última década, é que o tema exclusão social ganhou espaço na mídia e nas agendas mais importantes", afirma Márcio Pochmann, professor da Unicamp e Ex-Secretário Municipal do Desenvolvimento do Trabalho e Solidariedade em São Paulo.

Segundo o Índice de Exclusão Social, calculado para a criação do Atlas de Exclusão Social no Brasil, na região sul-sudeste, onde o município de São Paulo se localiza, encontram-se os maiores focos de inclusão social no Brasil. Especificamente no estado de São Paulo, apenas 4 dos 600 municípios analisados apresentam uma elevado grau de exclusão social. No entanto, é necessário observar que, São Paulo apresenta sinais claros de segregação territorial urbana, isolando ricos e pobres dentro da cidade. "Há uma forte desigualdade entre riqueza e bem-estar social de seus bairros", explica Pochmann.

Nas grandes cidades, as regiões mais carentes se caracterizam pelos altos índices de violência. "Na periferia de toda grande cidade brasileira, o mapa da pobreza, diferente do Brasil, casa com o da violência", completa Pochmann. Com esse dado é possível detectar, por exemplo, a falta de segurança no centro da cidade de São Paulo, provocado pela alta incidência de moradores de rua na região.

A entrevista com a moradora de rua da região central de São Paulo, Maria Rosa Conceição, de 24 anos, demonstra melhor o quadro da exclusão social na cidade, além do processo que condena toda uma geração à situação de rua.

Vinda da região metropolitana de Curitiba, Maria esperançosa de que estaria empregada, deixou os familiares e o marido para trás. Chegando em São Paulo, não aconteceu nada do que havia sido acertado com o próprio marido: um trabalho com moradia na casa da tia de seu esposo. A jovem se viu sozinha, com seus dois filhos, ainda crianças de colo. Sem instrução, tentou um contato com os familiares no Paraná, os quais não tinham condição de ajudá-la a voltar para sua cidade.

Após três meses procurando trabalho e morando nos albergues da Prefeitura, Maria se viu obrigada a ir para as ruas, já que se esgotava o período máximo de permanência nos albergues. Hoje, encontra-se com um companheiro, que trabalha junto à ela catando lixo, três filhos, um deles do atual companheiro, vivendo na rua, em péssimas condições de higiene e alimentação, todos suscetíveis à contaminação e doenças devido a baixa resistência do sistema imunológico. "Eu quero que meus filhos estudem e tenham um futuro digno, para que não tenham que passar tudo o que eu passei", desabafa a moradora que não pretende voltar ao Paraná.

Em outro ponto da cidade, a praça onde se encontra a Catedral da Sé, crianças, velhos e jovens dividem o mesmo espaço, pedindo esmolas, dormindo no chão e usando drogas sem qualquer intervenção das autoridades locais. Fernanda, uma garota de apenas 11 anos, surpreende revelando que usa cola, "thiner" e cocaína. "Saí de casa porque minha mãe me batia, dava muito trabalho à ela", diz a garota visiv