Organização nasce com ideia de fortalecer a comunicação do movimento sindical brasileiro; Na foto, Sérgio Gomes, um dos fundadores da empresa que em 2018 completa 40 anos de existência. (Créditos: Lucas Stanislau / Reprodução)
No final da década de 1970, o movimento operário serviu como um pólo catalisador que atraiu grupos de pessoas dispostas a lutar contra a ditadura civil-militar brasileira. Direções progressistas começavam a retomar o controle dos sindicatos e dar voz ativa aos trabalhadores. O exemplo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e das greves de 1978-1980 traduzem o espírito de luta que rondava a época. Era preciso reunir os dispersos e empoderar os trabalhadores no enfrentamento ao regime militar. Um grupo de jornalistas e artistas, empenhados no combate à ditadura, se dispôs a cumprir o papel da comunicação sindical: assim, a OBORÉ nasce para nunca ter um veículo próprio, mas para editar inúmeros jornais de sindicatos e marcar sua contribuição pela redemocratização do país.
Na tradição tupi, quando uma tribo era ameaçada de alguma forma, tocava-se o Boré - instrumento de sopro que produz um som agudo - com o intuito de reunir os indígenas para lutarem em defesa. Assim, juntou-se o artigo com o substantivo e, em 1978, foi fundada a OBORÉ. Porém, quatro anos antes, em 1974, o embrião desse grupo começava a ser gerado quando os jornalistas Sergio Gomes e Paulo Markun e a cartunista Laerte Coutinho se juntaram para editar o jornal do sindicato dos trabalhadores têxteis de São Paulo. O projeto foi interrompido com a prisão dos dirigentes sindicais, mas os integrantes do grupo não se afastaram da ideia.
Em 1978, Laerte trabalhava como ilustradora junto com o jornalista e militante Antônio Carlos Felix Nunes, que editava uma série de jornais sindicais. Muitas vezes sobrecarregado, Nunes tomava conta da produção de vários jornais, o que por vezes dificultava a periodicidade desses veículos. Ciente das dificuldades de comunicação com os trabalhadores, um líder sindical propôs que se criasse um grupo de jornalistas profissionais que mantivesse os veículos dos sindicatos e organizasse a comunicação do movimento operário. Esse líder sindical era o então primeiro-secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, Luiz Inácio Lula da Silva.
Objetivos e princípios
A OBORÉ se constitui como um serviço remunerado, prestado por jornalistas profissionais capazes de organizar a produção de veículos sindicais atender as necessidades específicas de cada categoria. "Atendendo essa sugestão do Lula, a gente conseguia individualizar os jornais, prestando atenção no que era aquela categoria, quais eram os problemas específicos", explica Laerte.

O jornalista Sergio Gomes, hoje diretor da Oboré, conta que o grupo foi fundado baseado em quatro princípios, o que, segundo ele, garantiu a sobrevivência da organização até os dias de hoje. "O p