21/06/2006

OBORÉ discute gestão e sustentabilidade de rádios comunitárias.

Como parte das atividades do Onda Cidadã 2006, evento anual promovido desde 2003 pelo Instituto Itaú Cultural, a OBORÉ foi responsável pela mobilização de cerca de 80 radialistas, de todo o Brasil, para participar de duas oficinas Locução e Gestão de pequenas emissoras, nos dias 16 e 17 de junho. 

A abertura das oficinas contou com a presença de Claudinei Ferreira, coordenador do Onda Cidadã: "A OBORÉ é nossa parceira desde o primeiro dia. Aliás, o nome Onda Cidadã nasceu dentro da OBORÉ, quando o projeto estava focado num veículo específico, o rádio. Em 2006 o Onda ampliou seu foco, pois a comunicação autônoma está em diferentes lugares. O rádio continua com destaque, mesmo porque o contato com as rádios vem de mais tempo e está mais evoluído".  
 

Ciro Pedroza (esq) e Sérgio Gomes.


Para Sergio Gomes, diretor da OBORÉ, a reunião de radialistas proporcionada por eventos como este colabora para que cada um volte para a casa com mais idéias, mais contatos e conhecendo outras maneiras de fazer rádio.


Durante a oficina de gestão, os palestrantes Ciro Pedroza e Sergio Gomes abordaram alguns caminhos de sustentação das rádios comunitárias. "A legislação é cruel e impede que essas rádios tenham auto-sustentação. Como manter os sonhos que a gente colocou em pé?", provocou Sergio Gomes. 

"Politicamente trabalhamos com a idéia de montar um círculo de alianças para fazer com que a voz do povo se sustente. Para isso é necessário saber trabalhar em grupo e não dispensar apoio. Nós propomos uma política de braços abertos, de ouvir os demais e buscar alianças", avaliou o diretor da OBORÉ.

Para o radialista Ciro Pedroza, "o modelo que aprendemos na universidade não funciona para pequenas e médias emissoras. O problema da gestão e da auto-sustentação não estão resolvidos. Essa situação foi criada em 1932, quando Getúlio Vargas criou o marco legal que definiu esse modelo de rádio que temos hoje. Antes as rádios funionavam como clubes, em que as pessoas contribuiam mensalmente. Esse modelo não é ultrapassado e ainda pode render".

Pedroza: "Nós desaprendemos a fazer rádio".

Pedroza reiterou os grandes desafios propostos nesse cenário: "O primeiro deles é de ordem interna, que é a administração de poucos recursos. A despesa é a única certeza que temos. Por isso é preciso gerenciar criativamente a administração rádio, que sempre é deixada de lado. E quanto mais forte for a aliança que você estabelecer com seus parceiros, mais forte você será. O segundo desafio é externo, ou seja, o estabelecimento de relações com outras instituições e ampliação das parcerias".



Por fim, concluiu Ciro Pedroza que é necessário conhecer os marcos legais, acompanhar mudanças tecnológicas, compreender as tendências do mercado e transformar problemas em oportunidades: "Nós desaprendemos a fazer rádio. Não é a tecnologia que vai mudar essa condição em que nos encontramos, mas sim pessoas como vocês, radialistas apaixonados pelo que fazem, que acreditam na força do rádio para ajudar as pessoas".

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