31/05/2006

Morre Daniel Herz, idealizador da Lei de TV a cabo

Morreu na tarde desta terça-feira, 30, em Porto Alegre, o jornalista Daniel Herz, um dos principais militantes da luta pela democratização das comunicações no País e um dos idealizadores e negociadores da Lei de TV a cabo. Nascido em 1954, formado em jornalismo pela Unisinos, Herz foi diretor da Federação Nacional de Jornalistas, Fenaj, e membro do Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar do Congresso Nacional. Há cerca de dois anos Herz sofria de leucemia. Fez pelo menos dois auto-transplantes de medula em hospital especializado nos Estados Unidos. Na última semana, a família trouxe-o de volta ao Brasil, uma vez que os médicos americanos consideravam que nada mais podia ser feito.

Daniel Herz – 1954-2006

Daniel Herz foi um dos principais líderes da história de lutas pela democratização das comunicações no Brasil. Mas é na discussão da televisão por assinatura, especialmente a televisão a cabo, onde o nome do jornalista surge como um personagem histórico, sendo um dos responsáveis pela viabilidade da democratização das comunicações no setor.
Em 1974, quando ainda era estudante de jornalismo na Universidade Rio dos Sinos – Unisinos, Herz participou da criação da Associação de Promoção da Cultura, em Porto Alegre, entidade na qual, sob a inspiração do professor de Engenharia Elétrica da UFRS Homero Simon, começou-se a discutir a questão da cabodifusão, tendo inclusive elaborado uma proposta piloto (que não foi aceita pelo Ministério das Comunicações) de TV a cabo em Porto Alegre.

Professor e pesquisador

Formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos em 1977, posteriormente Daniel tornou-se professor no curso de comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, onde foi o primeiro chefe do departamento de Comunicação. Em 1980, deu início a um mestrado em comunicações na Universidade de Brasília. Na opinião de Salomão Amorim, na época professor naquela universidade, “ao contrário de muitos alunos da pós-graduação, que chegam sem saber muito bem o que estudar, Hertz tinha claro seu foco de pesquisa em políticas de comunicações”. “Ele era uma espécie de superaluno, que chegou à graduação precisando apenas colocar no papel o que já estava pensando”, lembra Amorim. Orientador de mestrado de Herz na UnB, o professor Murilo Ramos observa que o primeiro volume da dissertação de Herz foi transformado no livro “A história secreta da Rede Globo”, trabalho que, destaca o professor, o tornou conhecido em nível nacional.

Militância política

Integrando o pesquisador e o ator político, Herz nunca deixou de participar dos movimentos e entidades que tinham como objetivo viabilizar as teorias que discutia na academia. Daniel fez parte do grupo que passou a controlar a Federação Nacional dos Jornalistas, a Fenaj, até então dominada pelos chamados “sindicalistas pelegos”. Para Armando Rolemberg, que encabeçou a chapa de oposição, Herz é reconhecido como o catalisador das discussões sobre novas tecnologias de comunicação, especialmente a televisão a cabo. “Ele foi um dos personagens importantes na luta pela democratização das comunicações no momento da redemocratização do País que culminaram com a promulgação da Constituição Federal de 1988”. Este movimento deu origem, posteriormente, ao Fórum Nacional Pela Democratização das Comunicações, o FNDC. Rollemberg destaca ainda a capacidade de organização e a disciplina de Daniel, em oposição à desordem tão características de movimentos sociais.

Fundamentos teóricos

Para o professor Salomão Amorim, um dos primeiros presidentes da Associação Brasileira de Pesquisa e Ensino de Comunicações, Herz era um pesquisador nato: “Ele sempre viveu absolutamente antenado, não apenas como militante político, mas como observador contínuo da realidade, uma atitude essencial para quem quer juntar teoria à prática”. Mas Amorin consid