08/03/2012

Maurício Broinizi, da Rede Nossa São Paulo, destaca importância do planejamento estratégico para resolver os problemas da cidade

Em conferência sobre Sustentabilidade, no último sábado, o historiador defendeu a articulação entre as diferentes áreas da gestão pública, mas considerou que a questão dos transportes e da mobilidade são o ponto de partida.

Os estudantes do módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter entrevistaram o historiador Maurício Broinizi, no encontro do último sábado, 3 de março. Broinizi é doutor em História Econômica pela USP, Professor de História Contemporânea da PUC-SP e coordenador da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo, organização que reúne mais de 650 entidades da sociedade civil. Ao lado da Câmara Municipal, a Rede foi autora da Consulta Pública Você no Parlamento, que pautou a escolha dos temas para o módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter, realizado pela OBORÉ, em parceria com a Câmara Municipal e a ABRAJI (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). Dessa vez, o vereador convidado a participar do evento foi Francisco Chagas (PT-SP), vice-presidente da Comissão Extraordinária Permanente de Meio Ambiente da Câmara Municipal.

Em sua fala, Broinizi destacou que muitos dos problemas que a cidade enfrenta hoje são resultado da falta de planejamento do passado. Para ele, essa falha persiste até hoje na administração do município. “A cidade não organiza seus dados, o que dificulta a construção de indicadores que façam o diagnóstico da cidade.” Pressionar o poder público para levantar essas informações, assim como cobrar um planejamento de curto e médio prazos e estimular a participação da população nas políticas públicas tem sido as o foco do trabalho da Rede Nossa São Paulo desde o seu surgimento, em 2006.

O Programa Cidades Sustentáveis é um dos trabalhos que a Rede Nossa São Paulo realiza atualmente, em parceria com a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e com o Instituto Ethos. A iniciativa visa articular um grande intercâmbio de indicadores, projetos e experiências entre 60 cidades ao redor do mundo. “Nós buscamos divulgar experiências que dão certo para se tornarem modelos para outras cidades”, explicou Broinizi. As propostas giram em torno de 12 eixos que incluem equidade, justiça social e paz; educação para a sustentabilidade; economia criativa e sustentável; consumo responsável; melhor mobilidade; e do local para o global. Ele deu o exemplo da cidade de Piraí, que possui 100% de cobertura de banda larga e oferece o acesso a serviços públicos por meio de quiosques conectados à internet.

A aplicação do Cidades Sustentáveis depende da adesão dos atuais e futuros gestores públicos. No processo eleitoral deste ano, o Programa já está sendo apresentados para os candidatos a prefeitos para que se comprometam a incluir o conteúdo do programa em sua gestão. “Nós oferecemos uma plataforma, os indicadores, e um banco de “boas práticas” onde eles podemos se inspirar”, assinalou Broinizi. Em São Paulo, os candidatos Fernando Haddad (PT), Soninha Francine (PPS) e Gabriel Chalita (PMDB) já assinaram o documento. Se eleitos, os políticos signatários terão que fazer um diagnóstico da cidade baseado em indicadores oferecidos pelo documento, bem como um plano de metas para melhorar esses números, cujo reflexo será mostrado em uma atualização anual desses dados. Além disso, uma sistemática prestação de contas deverá ser feita no meio do mandato e após os quatro anos de governo. “Tem que justificar, fundamentar, prestar contas à sociedade”, ressaltou Broinizi.

Questionado sobre a possível intenção dos políticos de assinarem a proposta apenas com intuito de marketing, Broinizi respondeu que, caso o Programa não seja cumprido, o ônus será do próprio gestor. “O candidato que assinar vai ser monitorado depois. Se ele for contra aquilo que ele assinou, não prestar contas, não tiver um plano de metas, ele vai passar por um desgaste político.