22/11/2006

Mário Sérgio de Moraes lança livro sobre caso Herzog e revela bastidores e protagonistas da redemocratização brasileira

O Ocaso da Ditadura – O Caso Herzog (Ed. Barcarolla) não é mais um livro sobre a tortura e a morte do jornalista Vladimir Herzog. Com base em intensa pesquisa, entrevistas e estudos empreendidos sobre os últimos 30 anos, o historiador Mário Sérgio de Moraes traz informações inéditas e demonstra a importância da reação ao assassinato do jornalista para o processo de redemocratização do Brasil e retomada do conceito de  cidadania. Apresentado originalmente como tese de doutorado em História Social pela Universidade São Paulo, o livro será lançado dia 22 de novembro, a partir das 19 horas, na Livraria Martins Fontes, à Alameda Jaú, número 1742.

Primeira obra produzida por um historiador sobre o Caso Herzog, o livro de Mário Sérgio de Moraes lança o olhar para o papel de outros atores e protagonistas do movimento que culminou no processo de redemocratização do país. “Havia duas redes sociais democráticas na cidade de São Paulo: a da periferia, coordenada pela Igreja Católica progressista; e a principal, da classe média intelectualizada. O Caso Herzog  foi o catalisador destes movimentos sociais”, conta o autor.

Doutor em História Social, pesquisador do Grupo Laboratório de Estudos sobre a Intolerância ( USP) e professor titular em Cultura Brasileira da Universidade de Mogi das Cruzes e de Realidade Brasileira na Faap, Mário Sérgio  é irmão do juiz Márcio José de Moraes, responsável pelo parecer  favorável à ação declaratória promovida pela viúva Clarice Herzog e os filhos de Vlado, em 1976, contra o Estado – uma decisão até então inédita na jurisprudência brasileira e que  abriu caminho para que outros familiares de desaparecidos e presos políticos também ingressassem na Justiça pedindo explicações por violências praticadas.

Desde o começo do governo Geisel o autor colecionou vasta documentação – jornais, periódicos clandestinos, folhetos, charges, livros, letras de música, artigos etc. – para manter a memória sobre 1975. “A minha preocupação, já naquele momento, era não somente documentar os crimes, mas ficar atento a um possível futuro de esquecimento dos fatos fundamentais, de supressão dos vestígios autoritários, por parte dos grupos sociais que apoiaram tantas atrocidades.”

Entre as revelações, ele ressalta o isolamento, o temor, a opressão e as dificuldades que a oposição e a sociedade enfrentavam na época. Nos primeiros dias após o assassinato do jornalista, nenhum sindicato operário, nem mesmo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, então presidido por Luis Inácio Lula da Silva, manifestou solidariedade.