29/03/2012

Mamãe faz 100 anos diverte e promove reflexão na Sessão Averroes de 26 de março

Na foto: David Braga, Monica Yassuda e Guiomar Lopes participaram da Mesa de Reflexão, na Cinemateca Brasileira (26/3/2012).



Premiado longa do diretor espanhol Carlos Saura mistura humor e tensão ao abordar a terminalidade da vida

O filme espanhol “Mamãe faz 100 anos” foi exibido nesta segunda-feira, 26, na Sessão Averroes de março. Dirigido pelo cineasta Carlos Saura, o longa de 1979 retrata de forma tragicômica a reunião de uma família para comemorar o centenário da matriarca. Na ocasião, afloram os conflitos entre familiares e o interesse de parte deles em matar a mãe e herdar suas riquezas. Os integrantes da Mesa de Reflexão foram Monica Yassuda, bacharel em psicologia, livre docente pela USP e coordenadora do curso de Gerontologia da mesma Universidade, Guiomar Lopes, médica formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo com foco na área da Farmacologia molecular, atuando principalmente em temas como envelhecimento, e David Braga Junior, médico especializado em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP, Diretor médico das Classes Laboriosas (SP), Conselheiro Consultivo do Grupo MAIS, onde coordena o Ciclo Idosos do Brasil: estado da arte e desafios, realizado em parceria com o Instituto de Estudos Avançados –IEA/USP.

David Braga e Guiomar Lopes traçaram um paralelo entre a história retratada no longa e a ditadura de Franco na Espanha. Segundo David, essa relação é sugerida pelo próprio diretor ao analisar a série de nove filmes sobre a família e a ditadura espanhola - da qual “Mamãe faz cem anos” faz parte - como uma “denúncia política associada à questão psicológica”. Segundo Guiomar, “a mamãe centenária representa a velha Espanha em decadência e comandada por Franco. E os filhos interessados no valor das terras, na especulação imobiliária são o desejo de modernização, o capitalismo chegando”.

Já Monica Yassuda buscou fazer uma leitura diferente da de Saura, mais ligada à Gerontologia. Para ela, a senhora de 100 anos era diferente do que se esperava: “cheia de energia, estridente, a verdadeira comandante da casa”, apesar de ser dada como inválida por alguns parentes. Para a psicóloga, a questão central do filme é a temática da 4ª idade e as tensões familiares que se colocam com o envelhecimento avançado de um de seus membros. “Como é que a dinâmica da família muda quando você tem um ente na sua família que está se aproximando de cem anos? E que se torna dependente em algum grau. De maneira muito brilhante, mas também divertida aparece no filme como as tensões do passado, os ressentimentos, as dívidas, aparecem de novo na dinâmica, nas disputas que cercam a pessoa na quarta idade. Quem vai ser o líder, quem vai cuidar da saúde da mamãe, quem vai fazer com que ela se sinta bem, quem vai fazer companhia. Mas o filme traz também a disputa pela heranchr3