Marcelândia é uma cidade nova, pequena, rural e “na contramão do crescimento” que chega a galope ao norte do Mato Grosso, segundo quem mora lá. Só as madeireiras, na maioria ilegais, garantem alguma renda à cidade que, assim mesmo, passa por uma grave crise financeira.
Até Cuiabá são 720km que não podem ser transpostos qualquer dia. Nos domingos e feriados não entram nem saem ônibus da cidade, que fica ilhada no centro do país.
Dois moradores que trabalham na rádio comunitária Cidade FM, Dionísio e Tânia Oliveira, saíram cansados do serviço em Marcelândia às 18h do sábado dia 17 e foram para a rodoviária. Esperaram 3 horas
Quando Dionísio e Tânia receberam o convite para participar do lançamento da campanha, eles aceitaram na hora.
Abuso policial é um conceito familiar à região de Marcelândia já que algumas remediações financeiras às autoridades são necessárias para que as madeireiras ilegais continuem funcionando. Há visitas regulares da PF de Cuiabá e da PM de Sinop para tanto.
Certa vez, Dionísio intercedeu em um caso de truculência policial. Um rapaz que foi à rádio comunitária de Dionísio para denunciar um caso de desonestidade policial sofreu voz de prisão quando dentro das dependências da rádio. O policial tentou tirá-lo dali para a delegacia mas Dionísio o impediu alegando que não havia flagrante nem mandato: “Policia tem que existir para proteger a população, não para agredi-la com arbitrariedades. Ele estava apenas denunciando uma suspeita, é o direito dele”.
A rádio conhece sua dose de problemas legais; faz apenas 5 anos ela foi fechada a mando da Anatel. Hoje opera legalmente.
A atividade de capacitação à qual Dionísio compareceu em Cuiabá reuniu 20 radialistas de todo Mato Grosso na Sala Multiuso da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. Eles passaram o dia 19 de novembro conversando com o Ouvidor de Polícia do Estado, Auremácio José Tenório de Carvalho; professores universitários e jornalistas para entender os caminhos da denúncia de abuso policial e transmitir essas informações aos ouvintes.
O lançamento da campanha radiofônica motivou o encontro. Duas cartas faladas e onze spots foram produzidos pela OBORÉ para o Mato Grosso a pedido da Secretaria Especial de Direitos Humanos e d