Coordenador técnico das Leis Estadual e Nacional dos Resíduos Sólidos fala para os estudantes do Projeto Repórter do Futuro sobre os potenciais econômicos da reciclagem e o papel das cooperativas de catadores.
No último sábado, 17 de março, a Câmara Municipal recebeu o advogado José Valverde Machado Filho, o vereador Floriano Pesaro (PSDB) e o jornalista Pedro Ortiz para discutirem o tema “Lixo e Meio Ambiente”, na sétima conferência de imprensa do módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter. José Valverde é diretor do Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP e secretário parlamentar do gabinete do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP). As leis que criaram a Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Política Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo são de autoria do deputado e tiveram a coordenação técnica de Valverde, que também é professor da PUC-SP e diretor presidente do Instituto Cidadania Ambiental – ICA.
“Analisar a questão do lixo sob a perspectiva da sustentabilidade faz com que o olhar vá além da questão ambiental, alcançando também o econômico e o social”, colocou Valverde. A articulação entre as três áreas foi defendida por Pesaro em sua fala. De acordo com o vereador, líder da bancada do PSDB na Câmara e autor da lei da Coleta de lixo com horário marcado, “o lixo é algo que não tem valor. Já o resíduo sólido, carrega a idéia de algo que sobrou e pode ser reciclado e reutilizado, podendo gerar comércio e inclusão social. Não existe desenvolvimento econômico sem inclusão social”, colocou Pesaro.
Apesar desse potencial econômico, Valverde afirmou que o modelo de gestão de resíduos sólidos ainda precisa de grandes avanços no Brasil. “No Rio de Janeiro do século XIX, os escravos passavam nas casas, recolhiam o lixo e jogavam na praia, na faixa de areia ou no próprio mar. Hoje nós ainda depositamos os resíduos em áreas afastadas dos centros urbanos. O modelo de gestão dos resíduos sólidos é o mesmo do que no Império. Agora eu pergunto, isso é sustentável?”, questionou. De acordo com pesquisa do IPEA analisada pelo advogado, o Brasil perde R$ 8 bilhões por ano devido à falta de reciclagem.
Valverde defendeu que a logística reversa, ou seja, o retorno dos produtos ou embalagens ao local de origem é uma prática rentável e que deve ser estimulada. “Além de poder lucrar com isso, a empresa ganha com a imagem de responsabilidade ambiental”, argumentou. Para Pesaro, isso gera mudanças no padrão industrial adotado no Brasil. “É você pegar tudo que produziu e processar tudo de novo. E já tem empresários olhando para isso com um ponto de vista de uma economia criativa. Por que apesar de você reduzir o número de trabalhadores nas empresas tradicionais, você aumenta o número de empregos nessas indústrias destinadas só a reutilizar os produtos. Não é só algo bacana e legal, é econômico também e isso move as pessoas”, explicou o vereador.
De acordo com Pesaro, esse novo paradigma deve levar em conta “a inclusão social pela economia, pelo trabalho e pela geração de empregos”.
Catadores e Cooperativas
A economia do lixo tange a questão social no que diz respeito aos catadores de papel ou latinha, que por muitos anos foram os responsáveis por encaminhar os materiais coletados à reciclagem. De acordo com Valverde, a quantidade estimada de catadores que o Brasil tem varia entre 600 mil e 1 milhão, o que é uma mão de obra expressiva no setor. “A legislação deve incluir as cooperativas no processo, e não perpetuar o modelo de catadores autônomos. As cooperativas devem ser um novo negócio, um empreendimento”, defendeu o advogado. Pesaro concordou, “os catadores tem que ser organizados em cooperativas rentáveis, isso tem que ser organizado, re