26/09/2016

Estudantes do curso Jornalismo e Direitos Humanos debatem o sistema prisional brasileiro com Marcos Fuchs

Estudantes do curso Jornalismo e Direitos Humanos debatem o sistema prisional brasileiro com Marcos Fuchs

O sistema prisional - considerado uma das questões mais complexas da realidade social brasileira - foi tema do curso Jornalismo e Direitos Humanos no segundo encontro realizado no sábado, 24 de setembro, e que contou com a participação do diretor adjunto da Conectas e do Instituto Pro Bono, Marcos Fuchs.

O executivo, que é também membro do Conselho Nacional de Política Carcerária e Prisional, atua monitorando as condições dos presídios em todo território brasileiro e denunciando as violações de direitos humanos encontradas. Sua trajetória profissional à la Memórias de Cárcere (Graciliano Ramos) - como ele mesmo exemplifica - começou em 2006, depois de acompanhar a transferência de adolescentes em conflito com lei que haviam sido brutalmente espancados por funcionários da unidade na qual estavam internados.

Fuchs considera que uma das “piores promessas políticas” que pode ser feita em época eleitoral é a construção de presídios. E não é a toa, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, segundo dados do Infopen (sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro), e o número de pessoas privadas de liberdade cresce 7% a cada ano, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos por exemplo, que têm reduzido suas taxas de encarceramento.

A garantia de acesso às medidas socioeducativas pelos presidiários é impossibilitada dentro dessa estrutura de superencarceramento que de acordo com Fuchs, contribui para a aproximação com o crime organizado: "quanto mais preso, há mais superlotação e mais se fortalece esse estado paralelo”, revela.

Diante da complexidade penitenciária do país, composta sobretudo por uma população carcerária jovem, negra, com baixa escolaridade e baixa renda, o diretor da ONG propõe um mutirão carcerário formado por juízes, promotores e advogados para avaliação dos casos, atrelado à medidas de ressocialização que possam contribuir para a baixa no índice de reincidência.

Organizado pela Conectas em parceria com Oboré e Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), e apoio do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), o curso é um dos módulos do Projeto Repórter do Futuro, programa que contribui na formação de profissionais do jornalismo há mais de vinte anos. A coordenação pedagógica é do jornalista e professor André Deak.

Foto: Marcos Fuchs, diretor adjunto da ONG Conectas e Instituto Pro Bono (à esquerda) do jornalista e coordenador do módulo, André Deak em entrevista coletiva concedida aos estudantes do Repórter do Futuro]
 

Sobre o módulo 
 
Os 20 alunos selecionados participam de palestras e entrevistas coletivas com especialistas ao longo dos meses de setembro e outubro de 2016 e são desafiados a produzir matérias semanais sobre os conteúdos apresentados.
 
O curso combina a prática da cobertura jornalística com o conhecimento teórico e reflexivo sobre temas de direitos humanos: para que serve a ONU e a OEA e como o Brasil atua nestes espaços? Qual a arquitetura