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| Sergio Pinto de Almeida em palestra que finalizou o módulo "Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter" |
As discussões éticas e morais me interessam muito mais que a técnica propriamente dita", afirmou o jornalista Sergio Pinto de Almeida, no último sábado (24), no encerramento do segundo módulo
Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter. Almeida falou para o grupo de 17 estudantes que participaram da atividade e para convidados da Universidade Nove de Julho. Em seguida, o jornalista foi entrevistado pelos participantes.
O módulo, que integra o Projeto Repórter do Futuro, cursos de extensão universitária voltados para estudantes de jornalismo, foi organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo -
ABRAJI - e OBORÉ, com apoio do
Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo,
Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo,
Cursinho Inteligente e
Associação Viva o Centro. A atividade marca os 10 anos do
Projeto Repórter do Futuro.
Professor do Departamento de Jornalismo da PUC-SP, onde dá aulas há mais de 20 anos, Almeida ensina que a "técnica do jornalismo não é nenhum mistério, é uma questão de treinamento". Para ele, o jornalista não deve ser refém, por exemplo, do "ouvir os dois lados" e achar que isso é o bastante, mas também deve ter a preocupação de discutir os aspectos éticos do seu trabalho.
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| À partir da esq.: Marcelo Soares (ABRAJI), José de Alencar, Orientador Pedagógico do módulo, Sergio Pinto de Almeida, Segio Gomes (OBORÉ) e Álvaro Azevedo (Cursinho Inteligente) |
Ele critica a forma como a Rede Globo cobriu a prisão do ex-prefeito Paulo Maluf e seu filho Flávio, colocando um repórter entre a equipe de policiais federais que prendeu Flávio. "O repórter compôs com a Polícia Federal é isso é uma clara irregularidade. Jornalista não é polícia", diz. Segundo ele, o perigo é que o jornalista, mais dia, menos dia, será cobrado por ter o "furo" facilitado.
Outro exemplo que ele cita como "desvio ético da pauta", é o repórter produzir suas matérias a partir de convites para viagens recebidos na redação, como ocorre no caderno Turismo da Folha de S. Paulo. "Hoje, isso é uma prática escancarada. E o compromisso do jornalista com a sociedade?". Além do compromisso ético, Almeida afirma que o bom repórter deve ser um profissional preparado, ler muito, estar bem informado sobre o entrevistado e aprender a pesquisar, porque "o arquivo é uma ferramenta fundamental".
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| Palestrante e coordenadores se revezaram na entrega dos certificados aos 17 estudantes que participaram deste módulo |
Almeida lamenta que o jornalismo não seja mais um trabalho desenvolvido em equipe como há alguns anos. "Havia o auto-controle do que se fazia, levantando ou derrubando pautas". Ele aponta ainda a falta de bons contadores de histór