31/10/2011

Em encontro no IEA, jornalistas discutem o idoso na mídia

A escolha de pautas direcionadas à terceira idade e a experiência de um jornal feito por idosos foram assuntos da 9ª mesa do ciclo “ldosos do Brasil: estado da arte e desafios”. Promovido pelo IEA/USP, Hospital Premier/Grupo MAIS e OBORÉ, o evento foi realizado  na terça, 18 de outubro, e vem reunindo profissionais de diferentes áreas para discutir aspectos diversos da questão dos idosos. As atividades prosseguem até o final de 2011, totalizando 12 encontros.    

Como os idosos se relacionam com a mídia? Ele deve apenas ler, ou também pode produzir conteúdo jornalístico? De que maneira ele realiza essas duas atividades? Esses foram alguns temas abordados no debate "O idoso na Imprensa", que contou com a presença da jornalista da Rede Globo, Fabiane Leite, do médico e colunista da Folha de São Paulo, Julio Abramczyk e de Manuel Carlos Chaparro, também jornalista e professor livre-docente da ECA-USP. 

Segundo Fabiane, a cobertura de assuntos relacionados aos idosos depende da escolha editorial de cada veículo. Contudo, ela ressalta, as pautas mais comuns são direcionadas a um público idoso estereotipado.  “E se o idoso não quiser ler sobre baile da terceira idade ou trabalhos manuais?”, ela questiona.

Abramczyk também criticou a escolha de pautas relacionadas aos idosos.  “A presença do idoso na imprensa têm sido restrita a doenças relacionadas à idade e problemas com o sistema de Previdência social. Ou então, o idoso vira notícia quando passa dos cem anos.”, comentou o médico. Ele defende que os gestores da informação se preocupem mais com os leitores idosos. “Eles são um público fiel que tem vontade de se conectar com o mundo fora de seu casulo”, argumentou, sugerindo “Por que não criar um caderno especial para a terceira idade, aos moldes do que é o Folhateen para adolescentes e a Folhinha para crianças?”.

O programa Bem Estar da Rede Globo, do qual Fabiane é diretora, aceita sugestões de pautas dos telespectadores, em grande parte idosos, além de buscar atender às demandas dos grupos empresarias da área da saúde e das secretarias de saúde. “O desafio é responder a essa gama de interesses”, considerou Fabiane.

Ela ressaltou que o jornalista precisa ter cuidado ao cobrir temas de saúde, pois pode cair em armadilhas. “Muitos médicos são speakers do laboratório, e podem se posicionar de acordo com seu interesse dentro da indústria”. Segundo Fabiane, faltam jornalistas especializados para cobrir o tema, além de orientação para o repórter. Ela recomendou: “O jornalista não pode ser ingênuo e se enganar. Ele tem que perguntar para sua fonte e informar o leitor de que ponto de vista ela está falando.”

Idoso como jornalista

O debate deixou claro que, além de leitor, o idoso tem autonomia e capacidade para produzir notícias, reportagens e peças jornalísticas. Coordenado pelo professor Chaparro, o Reproposta f