26/03/2012

Em conferência sobre Educação, Faro diz que desenvolvimento do Brasil depende de investimento em pesquisa

“O fim da exigência do diploma para exercício do jornalismo coloca a busca da excelência como desafio para as universidades que oferecem este curso. Ou elas passam a ter na qualidade o seu diferencial ou a graduação em jornalismo vai desaparecer”, disse o professor José Salvador Faro aos alunos do curso Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter, módulo do Projeto Repórter do Futuro.

“Considero que a queda da obrigatoriedade é uma medida saudável. Os cursos de jornalismo têm a ambição de fazer com que o aluno entenda de tudo, mas os conteúdos das grades curriculares não se conectam. Então, o estudante nem sai bem preparado do ponto de vista teórico nem está pronto para atuar no mercado. É preciso criar um novo modelo”, afirmou.



Formado em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), Faro é doutor em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e professor da PUC-SP e da Universidade Metodista – onde também dá aulas na pós-graduação –, além de vice-presidente do SINPRO – Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo. Ele coordenou a comissão de especialistas que elaborou, em 1999, as diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo.

Faro criticou a qualidade de ensino superior que, segundo ele, passou a ser regido pela lógica do lucro e não pela ótica do desenvolvimento de conhecimento. “Hoje, 75% das universidades brasileiras são privadas. Muitas dizem se basear no modelo americano, o que é mentira. Nos Estados Unidos, grandes universidades como Harvard são controladas por fundações que, por sua vez, assumem compromissos comunitários. A maioria não investe em pesquisa. E um país só se desenvolve verdadeiramente se tiver uma universidade forte, que produza conhecimento. No Brasil, o ensino privado tem compromisso com o lucro. Temos até casos de universidades controladas por grupo financeiros.”

Outro problema apontado por Faro é o mau uso das tecnologias de comunicação pelas instituições de ensino. De acordo com ele, muitos professores passaram a trabalhar em tempo integral para atender a alunos pela internet. “Não falo apenas dos cursos à distância, em que existe um horário definido para o professor interagir com os estudantes. Falo da relação professor-aluno no dia a dia. Com o crescimento das redes sociais, acentuou-se a crença de que devemos estar conectados o tempo todo. E se estamos, os outros também devem estar. Assim, ninguém quer esperar para ter um e-mail respondido no horário de aulas. O aluno demanda no seu próprio tempo e o professor, uma vez tendo aberto o programa de e-mail ou a lista de discussão da rede social, se sente obrigado a responder naquele mom