O Diretor Executivo do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, esteve na OBORÉ no último sábado (03/06), quando debateu a segurança pública e violência com os participantes do Projeto Repórter do Futuro.
"A violência urbana encontra raízes na desigualdade social, mas também tem um elemento de valorização da cultura da violência, do machão, da falta de confiança na Justiça e no Estado como mediador de conflitos, o que leva as pessoas a resolverem sozinhas seus problemas", analisou Mizne.
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Álvaro Azevedo (esq) da Oboré e Denis Mizne.
le lembrou que o tema da segurança somente é discutido quando a cidade passa por momentos de desespero absoluto e de crise e que as políticas públicas na área da segurança são mobilizadas quando a violência atinge a classe média.
O histórico da elaboração de políticas públicas, recordou Mizne, é o primeiro problema quando traçamos um diagnóstico da questão da violência: "A gente sempre pensa em políticas públicas com irracionalidade. E quando falamos no tema, estamos acometidos pelo medo".
Para o especialista, o debate em torno do assunto precisa ter certo grau de racionalidade e fugir da disputa estéril entre duas correntes: de um lado, os ideólogos das medidas repressivas e penas duras e longas em cadeias em condições precárias e, de outro, os contra-discurso dos progressistas acadêmicos, que defendem a impossibilidade de resolução sem que as causas sociais do problema sejam combatidas. "Precisamos criar uma terceira agenda, uma nova maneira de ver a questão", concluiu.
Mizne defende uma proposta alternativa para enfrentar a questão da violência urbana que passa por um tripé: repressão policial dentro de um comportamento democrático,políticas públicas voltadas à juventude e redução dos fatores potencializadores, como é o caso da arma de fogo.