Nesta quinta-feira, 1º de maio, o radialista e político ítalo-brasileiro José Luiz Del Roio veio falar sobre as origens do Dia do Trabalho para os estudantes do projeto Repórter do Futuro. Senador na Itália, Del Roio é autor de uma obra pioneira sobre o processo de conscientização da classe trabalhadora, desde o massacre de Chicago – data que ficou marcada como o dia da luta dos trabalhadores pela redução da jornada de trabalho. Em 1º de maio – Cem anos de luta (1886-1986), ele resgata parte dessa história e do empenho dos trabalhadores em conquistar a jornada de 8 horas de trabalho.
No Brasil, a redução da jornada de trabalho é uma das principais bandeiras do movimento sindical. A prova disso é a união das seis Centrais Sindicais na campanha pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário. A idéia é que com a redução de 44 horas semanais para 40 horas, mais empregos sejam gerados e que os trabalhadores tenham melhores condições em seus ambientes de trabalho. Segundo Del Roio, essa é uma fórmula que já funciona em vários países da Europa, onde a carga horária foi diminuída e a produtividade aumentou. Mas ele lembrou também que esse tipo de luta no Brasil sempre foi muito reprimida até que virou apenas mais uma festa no calendário.
Antes da Era Vargas, o Dia do Trabalhado era considerado um momento de protesto e crítica às estruturas sócio-econômicas do país. Mas a propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, transformou um dia destinado a celebrar o trabalhador, no "Dia do Trabalhador". Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores. O que antes era marcado por piquetes e passeatas, passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações similares. “Aí é que está a sacada. Sendo festa, todos participam. Inclusive o patrão. E isso fica muito ambíguo quando você pensa no histórico de luta dessa data. No Brasil virou tudo festa”, disse Del Roio.
Prova disso são as tradicionais celebrações realizadas todos os anos pelas maiores Centrais, onde sorteios de casas e carros e shows populares dão o tom do 1º de maio. “Não sou contra a festa. Mas não pode ser só ela. É uma festa sim, mas pela redução da jornada de trabalho, por melhores condições para os trabalhadores, pela saúde. O 1º de maio é a maior manifestação política em todo o mundo, com excessão dos EUA, e não pode acabar apenas em celebrações. O 1º de maio deve existir como dia luta. Não podemos deixar cair no esquecimento. O mais importante desse dia é a luta”, concluiu.
A Conferência de Imprensa com José Luiz Del Roio faz parte do módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter, que prosseguirá até o dia 31 de