Evento reuniu parlamentares, famílias e amigos de presos políticos na Câmara Municipal de São Paulo, na segunda, 11 de junho. Ítalo Cardoso, presidente da Comissão, aproveitou o momento para anunciar a criação do Memorial Vladimir Herzog, com peças de Elifas Andreato que celebram o jornalista. “Hoje em dia nós ouvimos que houve tortura e que ela foi necessária, porque senão nós tínhamos as FARC instaladas no Brasil”, criticou o advogado e presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Ancheita, Belisário do Santos Júnior, na solenidade de abertura da Comissão da Verdade ‘Vladimir Herzog’, no dia 11 de junho, segunda-feira, na Câmara Municipal de São Paulo. A idéia de que a Comissão da Verdade servirá também para combater a violência institucionalizada no país foi defendida pela maioria das autoridades presentes, incluindo o vereador e relator da Comissão, Eliseu Gabriel (PSB). “A ditadura quebrou o processo de construção da democracia no país, porque passamos um quarto de século com o Estado praticando a violência permanente. A cultura da violência e do desrespeito aos direitos humanos está presente no nosso dia-a-dia, como em maio de 2006, quando a PM, lutando contra o crime organizado matou mais de 400 pessoas em alguns dias
De acordo com documento oficial, o intuito da Comissão é promover “esclarecimentos em relação às graves violações de direitos humanos ocorridas no Município de São Paulo ou praticada por agentes públicos municipais” durante a ditadura militar. Além disso, em diversos momentos da cerimônia foi defendida a finalidade educativa da investigação. Um estudo do Núcleo de Estudos de Violência da USP mostrou que 52,5% dos brasileiros admite que provas conseguidas a partir de tortura podem ser usadas em tribunais. “Só é possível entender que as pessoas pensem esse tipo de coisa porque elas não conhecem o que é tortura e o que isso significou”, apontou Ivo Herzog, filho do jornalista assassinado em 1975 pelo regime militar, a quem o título da Comissão presta homenagem. “Nós devemos fazer um esforço para que a juventude saiba diferenciar o que é ditadura do que é democracia”, considerou Raphael Martinelli, presidente do Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo