04/05/2012

Chaparro analisa as novas funções do Jornalismo em aula magna para os Repórteres do Futuro

A Aula Magna com o jornalista e livre-docente pela ECA-USP, Manoel Carlos Chaparro no sábado, 28 de abril, no Plenário Primeiro de Maio da Câmara Municipal, marcou o início do curso Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter e o fim do módulo Descobrir São Paulo. 

Para ele, a melhor reportagem de 2012 foi sobre o fotógrafo responsável pela imagem de Vladimir Herzog, produzida por Lucas Ferraz e publicada em fevereiro pela Folha de S. Paulo. Chaparro, ganhador de quatro Prêmios Esso, avalia que um dos méritos da matéria é que ela é resultado de uma pauta elaborada pelo próprio jornalista. “Hoje os jornalistas renunciam a fazer um trabalho ambicioso e lutar por suas próprias ideias. Mas o nosso sucesso não vem das ideias do editor ou do chefe de reportagem”, ensinou. 

Foi o incômodo com a pobreza e a falta de informação da classe operária portuguesa, em plena ditadura salazarista, que motivou Chaparro a se tornar jornalista. Na época um jovem militante católico, pensou “se eu for jornalista, posso diminuir isso”. Chaparro acredita que a ética nas reportagens consiste em defender os valores da sociedade contidos, por exemplo, na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Apesar do compromisso social, ele defende que não é o jornalista que resolve os problemas da sociedade. “Nosso papel é ouvir e dar voz aos excluídos do discurso, não tomar o lugar deles”, sustentou. 

O livre-docente da ECA-USP considera que a função primordial do Jornalismo é a difusão do conhecimento, o que pode ser potencializado pelas tecnologias digitais de comunicação. De acordo com ele, o momento atual compreende uma nova realidade para o Jornalismo, a “Revolução das Fontes”. Antigamente, o jornalista tinha tempo para produzir uma notícia sobre um acontecimento, mas agora, o intervalo entre o fato e sua divulgação desapareceu. “Hoje os protagonistas da vida social não esperam os jornalistas para fazer seu discurso, eles mesmo fazem. Isso os torna sujeitos sociais ativos”. 

 

Para Chaparro, que também foi presidente da INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, a situação atual reforça a importância do Jornalismo como um verdadeiro espaço de uso público. “A boa reportagem narra conflitos, aquilo que tem um potencial de transformar a sociedade”, ele instruiu.


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