21/05/2012

“Brasil fez anti-Reforma Agrária”, afirma professora da USP em aula do módulo Amazônia

“Para colonizar a Amazônia, nos anos 60, o Estado brasileiro vendia terras a preços baixos para atrair os migrantes, mas os pequenos produtores não tinham condições de manter essas terras e acabavam as vendendo e indo para a periferia das cidades”, explicou Neli Aparecida de Mello-Théry, geógrafa e professora da Escola de Artes e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (EACH - USP Leste).

 

Na terceira aula do módulo Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, realizado no último sábado 19, no Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP), a professora explicou que a falta de infra-estrutura para o transporte das mercadorias e o pouco conhecimento que os colonos tinham sobre agricultura os impediu de ter uma propriedade rentável. “O Brasil fez uma anti-Reforma Agrária nesse período”, argumentou. 

 

Neli, que também é livre docente pela USP ensinou que as terras públicas amazônicas também eram destinadas à agropecuária, além da colonização. “O Governo fazia incentivos fiscais para grandes empresas nacionais e estrangeiras desmatarem, plantarem pasto e criarem gado. Elas, então, aproveitavam a infra-estrutura fornecida pelo Estado e vendiam os produtos para o resto do Brasil. Foi o que aconteceu com a Sadia, a Perdigão”, apontou Neli. Ao passo que os pequenos produtores não conseguiam obter lucro, era expressiva a concentração de terras nas mãos das grandes empresas e latifundiários que vinham do Sul do país. “Era uma cabeça de gado por hectare”, informou. 

 

De acordo com Neli, o modelo histórico de ocupação do solo amazônico coloca em evidência o papel contraditório do Governo como indutor tanto do impacto ambiental, ao instalar a infra-estrutura necessária para a exploração econômica da região, como da conservação, quando elabora a legislação ambiental. A conferencista e os estudantes aproveitaram a ocasião para debater o novo Código Florestal, que aguarda a sanção da presidente Dilma Roussef até esta sexta-feira, 25. O texto define que as Áreas de Preservação Permanente (APPs) na Amazônia serão reduzidas de 80% para apenas 20% da propriedade. 

 

A professora da EACH-USP acredita que e