A primeira parte da celebração se deu no interior da catedral, em um ato interreligioso liderado por Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo.
Lideranças budistas, protestantes, muçulmanas, evangélicas, indígenas e de religiões de matriz africana uniram-se nos pedidos por paz e em defesa da carta universal dos direitos humanos, proclamada pelas Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, em reposta às agressões cometidas contra a humanidade durante a segunda guerra mundial.
O rabino Alexandre Leone destacou em seu discurso que para evitar o crimes contra a humanidade, é necessário vigiar e guardar os direitos humanos, e que "todos somos
responsáveis" por esta tarefa.
"Estamos aqui hoje celebrando os 70 anos da declaração dos Direitos Humanos, mas também lamentando que aquilo que foi colocado não está sendo respeitado em todas as nações", apontou o pastor Ariovaldo Ramos, da Comunidade Cristã Renovada. Ele destacou que atentados contra os direitos humanos se avizinham num futuro próximo no Brasil, mas que cada indivíduo deve buscar que "esse direitos, respeitados mundialmente, sejam reconhecidos localmente".
A questão da união na defesa dos direitos humanos apareceu em diversas falas. O representante muçulmano Mohamad Al Bukai também pediu paz entre as pessoas, independente de qual religião elas sigam. "Se qualquer templo for destruído, nós podemos reconstruir, nosso filhos podem. Mas quando destroem os seres humanos, quem pode reconstruir?", questionou.
Nas escadarias da Sé, artistas, ativistas, advogados, jornalistas e representantes da sociedade civil participaram de jogral para a leitura dos 30 artigos da Declaração, que ecoou na voz das mais de duzentas pessoas presentes ao ato.
"É uma demonstração que, de fato, só a união vai fazer com que a gente avance com relação aos direitos humanos (...) As pessoas têm o direito a uma vida digna (...) e esses avanços correm o risco de se perder, não só no Brasil, mas no mundo", apontou Antônio Funari Filho, presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, e um dos organizadores da cerimônia.