02/10/2009

Aloysio Biondi agora é vizinho de Oswald e Lobato

O acervo pessoal de Aloysio Biondi tem de tudo um pouco da vida de jornalista – pelo menos do que era típico para uma geração analógica. Uma remington esverdeada, anotações pessoais, pilhas sem-fim de informação e um cancioneiro. Na realidade, alguns poucos long-plays. No meio deles, um de Adauto Santos, cantor e compositor meio caipira meio sambista. Com voz de veludo. O disco se chama Nau Catarineta, lançado pela gravadora Marcus Pereira nos idos de 1974. Ano ainda de ditadura. E Biondi escrevia no jornal Opinião

Na contracapa do disco, um círculo de caneta azul marcava a música 2 do lado A. Não há anotação alguma. Só um risco sobre a composição "De mala e cuca", composta por Adauto e parceiros. Sem mais pistas da anotação, a solução é ouvir. Na vitrola: “Cheguei de mala e cuca nessa capital / O carro, a placa, o prédio, a morte no jornal / Fecharam meu sorriso, calaram minha voz / Selaram meu futuro, onde estamos nós? / Estrada, terra e mato. Nuvem de poeira / Levando a minha vida para o meu lugar”. Coincidência ou não, a música parece com o que Aloysio Biondi viveu.

Morto há nove anos, Biondi deixa saudade para quem busca nos jornais um olhar crítico e diferenciado da claque do poder e dos seus governantes. Veio para a vida em 1936 na pequena Caconde, interior de São Paulo. Criou-se em São José do Rio Pardo e se afundou no jornalismo paulistano até o pescoço depois dos 19 anos. Sem diploma em universidade (cursou e não concluiu, na capital, sociologia e política). Mas com sede de informação e conhecimento amplo. Passou pelas principais redações brasileiras. Seus debates públicos lhe deram inimigos e admiradores. Durante a ditadura militar, ganhou dois prêmios Esso de jornalismo na contracorrente. Como escreveu na revista Visão, de 1967, o “clima de fraseado vazio (...) tem o demérito de manter a opinião pública completamente desinformada do que está acontecendo”. 

Saber sua trajetória no jornalismo e na vida pública é mais fácil para quem tem mais de 50 anos. Especialmente para alguns – o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seus escudeiros Pedro Malan e Gustavo Franco... Para conhecer (ou recordar) um pouco mais, basta acessar o sítio eletrônico do projeto que família e amigos desenvolvem para digitalizar a obra do jornalista – http://www.aloysiobiondi.com.br. Com algumas buscas por palavras-chave, dá para ler um pouco da história brasileira pelo olhar de Aloysio Biondi. Não é pouco... 

Chega-se, por exemplo, a um texto do jornal Opinião, de 29 de julho de 1974. “O fio da meada” é o título. Na abertura, Biondi faz uma digressão literária para explicar o novo capitalismo agrícola diante do petróleo em crise. Cita o Marco Zero, do escritor Oswald de Andrade. “O preto caiçara plantava seu arr