Estudantes e jornalistas se reuniram na comemoração dos 10 anos da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji, às 9h30 de segunda-feira (10), no Auditório Freitas Nobre da ECA-USP. O encontro teve três momentos: a retrospectiva da história da Abraji com falas do atual presidente e de seus antecessores, a palestra de Rosental Calmon Alves, do Knight Center for Journalism in the Americas e a Roda de Conversa com estudantes do Projeto 1000 em 1.
Desde os 21 anos, Rosental Calmon Alves concilia a prática jornalística e a carreira acadêmica. Foi repórter do Jornal do Brasil, onde criou, em 1991, o primeiro serviço de notícias em tempo real por computador. Em 1997, criou um dos primeiros cursos de Jornalismo on-line dos EUA na Universidade do Texas, na qual hoje é professor. Por meio do Knight Center for Journalism in the Americas, apoiou e patrocinou os primeiros encontros de jornalistas que delinearam a criação da Abraji. Confira aqui sua biografia completa.
Em entrevista, Rosental falou sobre o aprendizado de jornalismo on-line no Brasil. “É preciso implodir as grades curriculares dos cursos atuais, porque elas não levam em conta que jornalismo se aprende fazendo”, criticou. Em suas aulas, ele busca ensinar duas tendências de Jornalismo atual possibilitadas pelas novas tecnologias. “O Jornalismo móvel, ou seja, como você usar o telefone celular e outros aparelhos móveis para inventar um novo tipo de narrativa jornalística e o jornalismo empreendedor”.
Para Rosental, a segunda tendência é essencial para os novos jornalistas entrarem no mercado de trabalho restrito e competitivo. “Nos EUA, onde os jornais estão desmoronando, e o seu modelo de negócio sendo destruído lentamente, ficou importante levar para o estudante a inspiração de que ele pode inventar o emprego dele, porque o mercado não vai dar. O que nós fazemos é ensinar essa parte de negócios, de criação de start-up companies.” O professor explica que esse é um diferencial no cenário atual. “Se eu tivesse que contratar alguém hoje, a primeira coisa que eu faria seria ver o que a pessoa fez. Não o memo, mas um demo, uma demonstração do seu trabalho. Se a pessoa lançou um blog, se tentou abrir um negócio jornalístico...”.
Da esquerda para a direita, o atual presidente da Abraji, Marcelo Moreira, e os ex-presidentes Marcelo Beraba, Angelina Nunes e Fernando Rodrigues.