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Reconhecendo a importância do rádio na melhoria da Educação Brasileira - seja ela formal ou informal -, o Ministério da Educação decidiu reativar e ampliar, em janeiro de 2004, a Rede de Comunicadores pela Educação, projeto que teve início em 1997 e foi interrompido dois anos depois.
O início dessa retomada foi chamar para essa luta os radialistas das rádios comerciais, comunitárias e educativas das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do País. Dentro dessa proposta, um importante passo foi dado entre os dias 29 de abril de 3 de junho: 464 radialistas participaram das 15 oficinas realizadas nesse período nas capitais dos seguintes estados: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de janeiro e Curitiba.
As atividades foram coordenadas pela equipe da OBORÉ Projetos Especiais que, a serviço do MEC, percorreu lados diversos do País na tentativa de sensibilizar os comunicadores para os temas da Educação brasileira. Os comunicadores foram convidados a refletir sobre o processo que culminou na Lei de Diretrizes e Bases, de 1996, e as peculiaridades dessa lei, que ainda não foram implementadas efetivamente na prática.
A objetivo dos encontros foi também fornecer ao radialista subsídios para que ela exerça de fato seu papel de educomunicador e possa contribuir, no dia a dia de suas atividades, na divulgação de informações que estimulem o controle social da Educação, fiscalizando desde a verba destinada às escolas do município até a qualidade da merenda escolar.
Importante destacar que nossa Constituição defende o controle social como um caminho legítimo e indispensável na conquista de uma vida digna e plena para todos: isso refere-se não só à Educação, mas também às questões ligadas à Saúde, Habitação, Transporte, Segurança e tudo o mais que signifique conhecer os seus direitos e lutar para que eles sejam legitimamente conquistados.
“Eu aprendi como a gente deve inserir em nossos programas de rádio o tema Educação e como mobilizar a comunidade para esse tema. Assim, adultos e crianças entrarão na luta para uma educação de primeiríssima qualidade”, disse Idalvan Pereira dos Santos, da Rádio Comunitária Campo Novo, assentamento rural no município de Jequitinhonha, Minas Gerais.
Vanderson Cruz, da Rádio Belo Ramo, de Belo Horizonte, completa: “Estou levando a idéia de que não é só culpar as autoridades de Educação, de jogar a culpa no governo. Mas reunir a comunidade para desenvolver um trabalho conjunto. A oficina abriu muitas janelas para mim. Fiquei informado de como funciona a questão de distribuição de recursos, merenda, de como eu vou poder encaixar isso não minha rádio para ajudar a comunidade”
Para ele, a única deficiência foi a falta de tempo. “Foi muita coisa em um só dia”, disse.
Aliás, essa foi a queixa da grande maioria dos participantes. Andiara da Trindade Paz, do grupo Tessituras Educacionais do Brasil, de Porto Alegre, afirma que “foi um dia com muito conteúdo para pensar e refletir e o único problema é a falta de um compromisso de continuidade desse trabalho”.
Jaqueline Oliveira, da Rádio Cidade de Sumé, que participou da oficina de João Pessoa, na Paraíba, extrapola a experiência adquirida na oficina para outras áreas do conhecimento: “Aprendemos muito, dividimos várias experiências. A gente espera encontros como este não só a área de educação, mas também da saúde e de outros aspectos que possam despertar na comunidade esse gosto pela discussão, pela participação popular, pela democratização das ações de governo.”
Os certificados, assinados pelo então Ministro da Educação, Tarso Genro, foram enviados pelo correio a todos os participantes.
Como tudo começou
O Governo Federal traçou, na década passada, um plano de metas rumo à universalização do acesso escolar no Brasil e à melhoria na qualidade didática. O objetivo era apoiar os sistemas de ensino municipais, estaduais e federal, responsáveis pelo processo educativo, promovendo e ampliando as condições do aluno para o exercício da cidadania.
Coube ao Ministério da Educação o grande desafio de assegurar a permanência e o sucesso dos alunos na escola. Por isso, a importância da implementação de programas que valorizem os profissionais de Educação Básica. Todas essas iniciativas necessitam de ampla divulgação porque pressupõem a organização da comunidade escolar e a participação da sociedade, como forma de dar visibilidade e transparência às ações educacionais e, ainda, a aplicação dos recursos públicos. Neste contexto, as atividades de comunicação têm o propósito de disseminar informações sobre as ações dos programas que exigem o conhecimento e a participação da população beneficiária.
Em 1997, em parceria com empresas, instituições e entidades do terceiro setor, o MEC implantou uma rede de comunicadores voltada aos assuntos da Educação nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Foram mobilizados e capacitados 565 comunicadores para informar mais sobre a situação da educação nos municípios e, assim, estimular a participação da comunidade na vida escolar e na fiscalização dos recursos para o ensino público.
Em 1998, a rede foi abastecida com spots, jingles, programas de rádio (radionovela “ A caminho da escola”) e boletim técnico para a cobertura da pauta da educação, produzidos pela OBORÉ.
Em 1999, foram treinados mais 800 radialistas de 19 estados e editados informativos mensais “Educação no Ar” e a “ Cartilha do Radialista – Educação para todos: um desafio de Comunicação”.
Em 2000, as atividades da Rede de Comunicadores deram continuidade à capacitação de profissionais de rádio. Foram 798 radialistas. Deu-se continuidade à radionovela, distribuída aos radialistas capacitados.
A descontinuidade dos trabalhos da Rede de Comunicadores pela Educação exigiu, na sua reativação em 2004, atividades iniciais de cadastramento, atualização de mailing e novo contato com os radialistas, com o objetivo de voltar a fomentar a participação da sociedade no processo de melhoria da qualidade da Educação Básica, incrementando o fluxo de informações sobre educação e mobilizando a comunidade a participar da vida escolar.
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