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Giovanna Modé
Conhecer in loco a experiência da Radio Popolare de Milão, referência de rádio popular no norte da Itália, é uma forma de enriquecer o debate sobre a democratização do rádio no Brasil e trazer novas perspectivas nessa área. Foi com essa finalidade que, a convite da própria rádio Popolare e da Network Popolare, embarcaram para a Itália, na semana passada, Sergio Gomes e Ana Luisa Zaniboni Gomes, diretores da OBORÉ; Celso Horta e Osvaldo Colibri, representando o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; o professor José Coelho Sobrinho, chefe do Departamento de Jornalismo da ECA/USP; e Giancarlo Summa, diretor do escritório paulista da Radiobrás.
Fundada em 1977 por militantes, sindicalistas de esquerda e intelectuais, a Popolare ocupa hoje o segundo lugar na audiência da Lombardia, região norte do país, e tem mais de 200 mil ouvintes cotidianos. A Popolare não funciona dentro da lei. "Mas tampouco fora dela. É que não existe uma lei clara em relação à radiodifusão na Itália", explica José Luis Del Roio, brasileiro que desde 1970 vive em Milão e integra a equipe da Popolare.
Desde o início, a emissora é marcada pelo jornalismo participativo e por dar voz a quem não costuma ter nos veículos comerciais: os trabalhadores. Nas transmissões ao vivo, por exemplo, os ouvintes são responsáveis por parte da programação, dão suas opiniões e interagem não só com a rádio, mas entre si. Seu conteúdo é marcado pela independência - não está vinculada a um partido, um sindicato ou grupos econômicos - e a programação mescla informação com programas variados, de música, cultura e sátira.
No último dia 31 de março, Sérgio Serafini, diretor da Popolare, participou do Workshop Genebra 2003 e a Democratização do Rádio no Brasil, promovido pela OBORÉ, pelo Departamento de Jornalismo da ECA/USP e pela própria Rádio Populare. Na ocasião, ele lembrou o início da trajetória da emissora: "Em 1975, na Itália, estava em vigor uma lei que entregava ao Estado Italiano o monopólio de rádio e televisão. Vencido o prazo, a lei não foi prorrogada nem substituída por outra". Nesse vazio legislativo, nasceram milhares de rádios e televisões particulares, entre elas a Rádio Popolare dois anos mais tarde. "Para se criar uma rádio ou televisão era suficiente ligar um transmissor com a primeira freqüência que não fosse já ocupada. Cada um queria ter a sua. Nasceram e morreram centenas de emissoras democráticas e de esquerda, como também nasceu e se desenvolveu o poder da televisão de Berlusconi." (Veja a história na íntegra no http://www.obore.com/cms-conteudo/91_genebra_serafini_pt.asp).
A Rádio Popolare integra também a Popolare Network, uma rede de 23 emissoras conectadas via satélite. Dentre elas, a delegação brasileira passa também pela Radio Flash, em Torino; Radio Base, em Veneza; Radio Citta del Capo, em Bologna; e pela Controradio, em Firenze. Aguarde as novidades da volta da equipe, no próximo dia 2.
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