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O repórter Breno Altman provocou o lado crítico dos estudantes: por que nossa imprensa cobre assuntos banais dos EUA e Europa e não fala com competência sobre Venezuela e Argentina?
Foto: Antônio Marcos Zaniboni Gomes
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O jornalista Breno Altman foi o convidado da manhã de 23 de novembro, no II Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado, promovido pela OBORÉ Projetos Especiais e o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), como mais um módulo do Projeto Repórter do Futuro.
Altman é jornalista independente e escreve, atualmente, para a revista Reportagem, onde colaborou pela última vez com uma grande entrevista com Fidel Castro. O jornalista esteve em Colômbia, El Salvador e Nicarágua cobrindo situações de conflito armado e distúrbios internos, nos últimos anos.
A experiência em América Latina deu a Altman uma visão diferenciada sobre os fatos e a cobertura que a grande imprensa faz destes fatos, sobretudo no nosso continente. “É raro os veículos brasileiros terem correspondentes no exterior, e quando têm eles ficam em Paris, em Londres e em Nova York. Nenhum jornal tem escritório em Buenos Aires”, diz o repórter. “O Brasil é um país desinserido do continente, que desconhece sua a cultura, que acredita que existe uma certa hegemonia de sua parte em relação aos outros países da América Latina, além do fato de a elite brasileira ser profundamente mais colonizada, cujos olhos estão sempre mais voltados para a Europa e EUA.”
Para Altman, a cobertura do conturbado governo de Hugo Chavez, na Venezuela, é um bom exemplo do despreparo da imprensa brasileira, que acabou “comprando peixe podre” ao reproduzir material de agências de notícias internacionais. Para ele, o perigo de um golpe na Venezuela não está afastado e, ainda assim, nenhum veículo brasileiro trata do assunto com profundidade ou mantém um correspondente em Caracas. O mesmo acontece com a Argentina, na opinião de Altman.
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