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  Homenagem a Jair Borin marca encerramento do curso
Giovanna Modé
  09/05/2003

Uma homenagem ao professor Jair Borin, que faleceu aos 61 anos no último dia 22 de abril, marcou o encerramento do 1º Curso de Qualificação Profissional OBORÉ/ Intervozes. Na ocasião, Silvia Borin, viúva do professor, recebeu um vaso de orquídea como lembrança dos participantes, e agradeceu com poucas palavras. "Espero que vocês disseminem a semente que ele deixou", disse, emocionada.
 
 No encerramento do curso, a homenagem ao professor Jair Borin em
texto escrito por Lídia Neves e assinado por todos os presentes
 
Depois de fazer um minuto de silêncio em memória ao professor, alguns participantes deram depoimentos de cenas que viveram ao lado de Borin, lembraram de sua luta na área agrária, do período que esteve à frente do Sindicato, da jornada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e de sua participação nos trabalhos da OBORÉ.
 
A cartunista Ciça e o marido Zélio, editor d´OPASQUIM21, Silvia Borin,
César Bolaño e Lídia Neves
 
Ex-chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Borin foi vítima de um câncer gástrico. O professor lecionava jornalismo desde 1971, sendo especialista em jornalismo agropecuário e em midia-criticism. Foi repórter, redator e editor nos jornais "O Estado de S. Paulo", "Movimento" e "Folha de S. Paulo". Representou oficialmente o governo brasileiro na Conferência Mundial sobre Fome e Reforma Agrária realizada pela FAO/ONU em 1986. Foi chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes de 1999 a 2002 e também presidente da Adusp - Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo.
 
Na ocasião, Lídia Neves, que havia sido aluna de Borin na ECA/USP, leu uma carta que escreveu em homenagem ao professor. Veja o texto, abaixo-assinado por todos os participantes, na íntegra:
 
Ao grande educador e jornalista, Professor Jair Borin
 
Homenagem da Oboré e do Intervozes
 
Queremos aqui homenagear um amigo, professor e companheiro. Sim, o Jair Borin era tudo isso. Em primeiro lugar, uma pessoa atenciosa, que desde o primeiro semestre de aulas chamava seus alunos pelo nome. Que sempre que podia – e às vezes também quando não podia – parava para falar conosco sobre aulas, trabalhos, movimentos, assuntos pessoais. Que valorizava o que tínhamos a dizer e nos ouvia com paciência. Amigo de muitos jornalistas e professores, nosso amigo.
 
Nas salas de aula, um professor com muito a ensinar. Profundo conhecedor da história do jornalismo, Borin nos deu boas aulas da história de nossa profissão, com uma riqueza de detalhes que chegava a surpreender. À distante teoria acrescentava suas experiências, especialmente as do jornalismo diário, tornando as informações mais acessíveis para os alunos.
 
Contava-nos suas histórias da cobertura nos cadernos de agricultura do jornal, suas discussões com o chefe para garantir a publicação do que acreditava ser correto, do tanto que acreditava que a reforma agrária poderia resolver problemas econômicos e sociais. Ensinar o jornalismo brasileiro e o jornalismo sindical, para o Borin, era contar um pouco de sua vida, e ele fazia isso com o maior prazer.
 
Mas seria muito limitado dizer que isto era tudo o que aprendemos com ele. Borin nos ensinou muito sobre o que é ser jornalista nos corredores da escola. Pudemos ver no professor posturas que ajudaram a deixar claro que um bom jornalista deve também lutar por ideologias, acreditar em sonhos, trabalhar para torná-los reais, como todos os cidadãos. Sem deixar de ser profissional, ético, de apurar o que pretende publicar, de se preparar para o trabalho que irá executar. Para nos mostrar tudo isso, ia além de suas obrigações, dava palpite sempre que achava que podia acrescentar: em outros cursos, nos jornais-laboratório, no nosso dia-a-dia de jornalistas iniciantes. Era um professor que se preocupava com o nossa formação como um todo, que valorizava quem queria crescer.
 
Tudo isso me leva a dizer que ele foi muito coerente ao aceitar todas as funções que desempenhou. Brigando por melhorias na profissão, foi por duas vezes diretor do sindicato dos jornalistas de São Paulo. Querendo mudanças na comunicação e no jornalismo de nosso país, além das aulas, participou da fundação do Correio da Cidadania e ajudou a criar o Media Watch Global, para acompanhar e sugerir novas posturas por parte da grande mídia.
 
Na educação, tornou-se presidente da Associação dos Docentes da USP para estar à frente da categoria dos professores, brigando por uma universidade pública, gratuita, de qualidade para todos. E foi chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração, função que acompanhamos mais de perto. Respeitado, foi eleito com a maioria dos votos das três categorias. Esforçado, gastava tempo procurando resolver nossos problemas. Dedicado, conseguiu modernizar a escola, trazendo novos equipamentos; equipando, com sorriso no rosto e brilho nos olhos, o auditório Freitas Nobre; apoiando e promovendo discussões para melhorar o curso. Começou a fazer reformas para que fosse possível aumentar de 50 para 60 o número de alunos ingressantes no curso por ano, no que foi reconhecido até por seus adversários políticos.
 
Ele mobilizava e participava das mobilizações com as pessoas que compartilhavam destes sonhos, ajudando a unificar professores, funcionários e estudantes em torno de uma causa comum, com um trabalho conjunto. Na greve de 2000, era referência de mobilização, dentro e fora da ECA. Gosto de lembrar do Borin nas assembléias, trazendo os professores para a greve. Nas manifestações, com bexigas na mão e sorriso no rosto, acreditando no que estava fazendo. Com o Centro Acadêmico, apoiava nossas atividades, dava sugestões de debates, confiava no nosso trabalho e no nosso potencial. Jair era um grande companheiro.
 
De tudo que ele fez e poderia ter feito na USP, ficam como dívidas os cargos de diretor da ECA e de reitor da USP, para os quais foi eleito pela comunidade, em eleições paritárias. Nosso diretor eleito teve 59% dos votos da comunidade ecana, mas não foi homologado pela Congregação. Nosso reitor eleito, teve 11.796 votos paritários, contra 2.597 do segundo colocado.
 
Ao nosso reitor, ao nosso diretor, ao nosso professor, ao nosso companheiro, ao nosso amigo, fica aqui nossa homenagem. Nosso muito obrigado por tudo que nos ensinou. Borin, levamos suas lições, levamos suas lutas, levamos seu carinho conosco. Que tudo o que você fez nos ensine a sermos pessoas melhores, jornalistas melhores, cidadãos melhores.
 
Lidia Gurgel Neves
 
O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e a Oboré – Projetos Especiais em Comunicações e Artes – dedicam este curso e o caderno Repórter do Futuro, que produziremos a partir do Curso, ao professor Jair Borin. A Silvia, Paula, Ivan e toda a família, nós, concordamos com o que está escrito acima, compartilhamos e nos solidarizamos com dor de vocês e registramos, aqui, nosso carinho e nosso abraço.
 
 
 
   
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