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  Repórter do Futuro encerra módulo
Vanessa Pipinis
  05/07/2006

Neste sábado, 1º de julho, os 20 estudantes de jornalismo que participaram do módulo "Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter" fizeram sua avaliação final do curso e receberam seus certificados. Tiveram direito à "reembolsa" 15 alunos que compareceram a todos os encontros, produziram todas as matérias indicadas e publicaram ao menos uma delas em veículo com editor responsável.

Da esq. para dir.: Profº Chaparro, Ciro Pedroza, Sérgio Gomes, Audálio Dantas e Profª Ausônia Donato

Além da equipe da OBORÉ e dos coordenadores do módulo, jornalistas e professores Manoel Carlos Chaparro e Ciro Pedroza, estiveram presentes no encontro de encerramento o jornalista Audálio Dantas, vice-presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), a professora Ausônia Donato e do jornalista Alceu Luís Castilho, editor e um dos fundadores da Agência Repórter Social.

Os convidados falaram aos alunos sobre a importância de atividades como as do Repórter do Futuro e deram dicas aos futuros repórteres. Para o Profº Chaparro, há pontos, no jornalismo, que precisam mudar. Para ele, o jornalismo deve elucidar conflitos e isso não está acontecendo. Há uma grande quantidade de falas, notícias e fatos a serem divulgados, mas há falta de tempo para realização do jornalismo de profundidade: "A mídia impressa perdeu o poder de informação, mas ainda detém o poder da elucidação", considerou Chaparro.

O jornalista Alceu Luís Castilho leu aos estudantes uma carta enviada (leia abaixo),
especialmente aos participantes do módulo, pelo também jornalista Nelson Breve, reiterando a importância que projetos como o Repórter do Futuro tiveram em suas trajetórias profissionais. Alceu e Nelson participaram do Cidade X Cidadão, atividade desenvolvida no início dos anos 90, na ECA-USP, sob coordenação de Sergio Gomes, então professor do departamento de jornalismo. A professora Ausônia Donato aproveitou o momento para se despedir dos participantes e reiterar a importância da paixão como
elemento motivador de qualquer ação, inclusive da jornalística.

Os estudantes também avaliaram as suas participações nas coletivas. Nos depoimentos, a melhoria na escrita, o desejo de aprofundamento nas pautas, o incentivo aos estudos e à procura por novas fontes foram aspectos recorrentes nas falas dos alunos. O Repórter do Futuro também foi considerado como um marco para aqueles que desejam ser repórteres, como lembrou Carolina Dias de Freitas, jornalista recém-formada. O convívio com os colegas e as Conferências de Imprensa com especialistas nos mais diversos assuntos também foram experiências pessoais gratificantes, como lembrou a estudante Amanda Kamanchek Lemos.

Participantes do Projeto Repórter do Futuro e equipe da OBORÉ


Sergio Gomes, diretor da OBORÉ e coordenador geral do Repórter do Futuro, lembrou que o objetivo deste módulo foi o de estimular o contato dos futuros repórteres com as grandes fontes da cidade. No segundo semestre, o novo módulo promoverá a análise do jornalismo durante encontros com profissionais conceituados. "Cada um de nós precisa descobrir uma maneira de dar certo. Esse não é um curso de técnicas, mas sim de estímulo reflexivo. É uma escola da e para a vida", concluiu.


O módulo "Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter" foi promovido pela OBORÉ em parceria com a ABRAJI - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, ABI - Associação Brasileira de Imprensa e Cátedra UNESCO de Comunicação para o Desenvolvimento. Contou também com o apoio do Inteligente Vestibulares, Ricardo Viveiros - Oficina de Comunicação, Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP, FAJORP - Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo, Curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Departamento de Jornalismo PUC - SP.

As palestras / entrevistas coletivas do módulo "Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter" aconteceram no espaço Aloysio Biondi da OBORÉ entre os dias 6 de maio e 1º de julho, com a presença dos seguintes convidados: Prof. Dr. Manoel Carlos Chaparro, livre-docente da ECA-USP(6/5/06); Prof. Ricardo Amorim, do programa de pós-graduação do Departamento de Economia da Unicamp(16/5/06); Dr. Frederico Bussinger, secretário municipal dos Transportes (20/5/06); Dr. Elci Pimenta, Ouvidor Geral do município de São
Paulo (27/5/06); Denis Mizne, diretor do Instituto Sou da Paz e Ausônia Donato, coordenadora pedagógica do Colégio Equipe(3/6/06); Prof. Adib Jatene, ex-ministro da Saúde (10/6/06) e Caco Barcellos, repórter na TV Globo e escritor(24/6/06).

A cobertura completa do módulo, assim como a síntese das palestras, está disponível no www.obore.com. Confira, em breve, as informações sobre os próximos módulos.

Leia a carta enviada pelo jornalista Nelson Breve:

"Brasília, 30 de junho de 2006

Caros mestres Sergio Gomes e Manuel Carlos Chaparro
Colegas do Projeto Cidade X Cidadão e do Projeto Repórter do Futuro,

O projeto Cidade X Cidadão, realizado em 90/91, mudou a minha vida: me fez descobrir que tinha realmente vontade e capacidade para ser jornalista. Reaplico muitos dos ensinamentos que tive naquela oportunidade no meu trabalho cotidiano e procuro transmitir o que absorvi aos jovens jornalistas com quem tenho contato.

Até hoje, guardo os fotolitos daquelas páginas. Um dia quero colocá-los em quadros e pendurar nas paredes de meu escritório para lembrar onde tudo começou, onde formei as bases do meu perfil profissional.

Se não tivesse sido estimulado a perceber:
- o contraste entre a periferia e a cidade.
- a  parte iluminada, onde moram os ricos, e a obscura, onde se abrigam os pobres.
- o tempo de vida que se perde para chegar ao trabalho.
- a falta de segurança, de qualidade do transporte, do atendimento à saúde, da qualidade da educação, de habitações dignas, de infra-estrutura, em geral;

Talvez eu não estivesse agora tentando consolidar projetos como o da Carta Maior e o da Revista do Brasil que buscam focalizar outros lados do debate nacional, geralmente esquecidos ou ignorados pela imprensa institucionalizada.

Talvez eu não tivesse largado um emprego de frila fixo em um jornal de uma das maiores empresas jornalísticas de São Paulo para me esforçar pela mudança de currículo da ECA e me dedicar à abertura de caminhos para a integração entre a Universidade e a Mídia, inclusive com bolsas para melhorar a formação dos jovens jornalistas (1991).

Talvez eu não tivesse me dedicado a uma reportagem de conclusão de curso como a que realizei, 13 anos atrás, para relacionar o desemprego pelo desalento com a população de rua de São Paulo: "No olho da rua - a odisséia dos miseráveis".

Talvez eu não tivesse personalidade para cobrar ,cara a cara com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, quais as medidas de curto prazo na área econômica para combater o desemprego crescente (1995).

Talvez eu não tivesse me esforçado para tentar pautar assuntos de interesse geral da sociedade, mesmo trabalhando em um veículo voltado para informar em tempo real os operadores do mercado financeiro (1997 a 2002).

Talvez eu não tivesse sido repreendido por um diretor de redação por não ter utilizado nem uma vez a palavra invasão em uma entrevista com o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto (2003).

Talvez eu não tivesse me desligado da assessoria de imprensa da Confederação Nacional da Indústria, onde tinha bom ambiente e ótimo salário, para assessorar o ex-ministro José Dirceu, alguém que eu pouco conhecia, no período em que ele sofreu o processo de cassação e passou por uma fase de linchamento público pela mídia (2005).

Com aquela experiência do Projeto Cidade X Cidadão, aprendi a não ter medo de optar pelo modo mais difícil de fazer as coisas ou de chegar a algum lugar, na carreira profissional ou na vida.

É mais fácil pegar um ônibus que te leva para um lugar conhecido, no qual você se sente à vontade para abordar as pessoas, e poder escrever uma reportagem até sem sair de casa. Mas isso não nos ensina a sermos repórteres.

O que nos ensina a sermos bons repórteres é pegar um ônibus para um lugar incerto, encontrarmos uma realidade estranha, identificarmos os problemas daquela comunidade e contarmos a história delas para tentar ajudá-las a resolver os problemas.

Ser um repórter indiferente às desigualdades do mundo é deixar de ser um cidadão.

Não vou me esquecer de uma passagem da minha experiência naquele projeto. Acho que foi no Jardim Irene, na Zona Sul. Sempre confundo porque existem alguns bairros com o nome de mulher naquela região e o Cafu tornou o Jardim Irene mundialmente conhecido na Copa de 2002. Eles tinham um problema com a canalização de uma pinguela. Quando chovia, alagava tudo, porque o lixo se acumulava.

Há muito tempo, a prefeitura tinha colocado no local os cilindros de concreto (não lembro o nome certo desses tubos) para a obra, mas nada de começar. Mencionei a reclamação na entrevista que fiz com alguém da administração do Campo Limpo. Na semana seguinte, quando voltei a falar por telefone com a líder comunitária que havia conhecido, para fechar o texto com informações atualizadas, descobri que a obra havia sido retomada.

Pode ter sido coincidência mas, naquele momento, senti uma sensação inesquecível: a de que o jornalista tem poder para mudar o futuro.

Parabéns pela conclusão de mais uma etapa do Projeto Repórter do Futuro e bem vindos ao nosso campo de batalha, Repórteres do Futuro.

Um abraço a todos.

Nelson Breve"

        
 
 
 
   
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