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  Concurso de Reportagem leva estudante a Portugal
João Paulo Charleaux
  26/07/2001

A relação entre Brasil e Portugal não está restrita às piadas e ao Descobrimento. Precisei viajar dez horas de avião, passar uma média de cinco horas por dia dirigindo em estradas por onde nunca havia passado, cuidar da minha pauta, meu mapa, meu itinerário, meu dinheiro, meus papéis, canetas, gravadores, fitas, filmes fotográficos, combustível, papel higiênico, telefones, conversas, entrevistas, muito vinho, bacalhau e informação colhida da fonte, do interior do Portugal profundo, no Alentejo, para entender o que une e o que separa esses dois países.

O desafio que foi lançado pelo CC25A (Centro Cultural 25 de Abril), com apoio do Sindicato dos Jornalistas, a todos os estudantes de Jornalismo do Brasil e de Portugal – incluso eu, que ainda estava na faculdade – era o de escrever uma pauta imaginando qual a melhor reportagem que poderia ser feita sobre a Revolução dos Cravos, de 25 de abril de 1974, responsável pela derrubada da ditadura salazarista, que durou 48 anos e inspirou os movimentos democráticos na Grécia, Espanha e toda América Latina.

O primeiro passo foi descobrir o que foi essa Revolução. Eu nasci só cinco anos depois do fato sobre o qual deveria escrever. Vim a ter consciência de coisas como abecedário e tabuada 12 anos depois dos Cravos. Memória histórica e total compreensão da dinâmica internacional não tenho até hoje, de modo que teria que descobrir não só a importância da Revolução em si, estanque no tempo, mas também de que interesse pode ter hoje na vida de brasileiros, portugueses e africanos.

A julgar pelo resultado do concurso, descobri. Minha pauta, que propunha falar da revolução que se repete todos os dias nos pequenos municípios do sul de Portugal desde o 25 de Abril, através da democracia local e da interação do cidadão com o poder, foi escolhida como a melhor na opinião dos jurados e, portanto, merecedora de uma passagem aérea e estadia de 15 dias em Portugal para realizá-la. Antes de confirmar o prêmio, no entanto, ainda disputei com outros dois finalistas que apresentaram pautas tão boas quanto esta. O desempate aconteceu com a apresentação de uma reportagem feita aqui no Brasil sobre Brasil, Portugal, Revolução dos Cravos etc. Escrevi sobre a situação decadente do Conselho das Comunidades Portuguesas, uma entidade criada para prestar assistência aos portugueses que vivem fora de seu país e que carece de verba e competência para cumprir sua missão.

A reportagem vencedora desta segunda edição do Concurso de Reportagem 25 de Abril será publicada na edição de setembro da revista Caros Amigos, com o título: “Cotidiano Revolucionário: um fruto do Cravo”. Aos brasileiros que não sabem a importância desta Revolução para o Brasil, sugiro que leiam para saber. Aos colegas estudantes, que leiam para imaginar como se pode ganhar a edição deste ano do concurso. Se ainda fosse estudante, participaria de novo. As inscrições são até o dia 10 de setembro e mais informações podem obtidas diretamente no Sindicato dos Jornalista ou no telefone 11 214 3766.
 
 
 
   
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