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  A invasão colombiana
João Franzin
  18/05/2006

Nada acontece por acaso. Observe que a crescente organização do crime coincide, historicamente, com o período de avanço neoliberal e desmonte do Estado, vale dizer, dos serviços públicos básicos. Coincide também com o crescente individualismo, estimulado pelo capitalismo selvagem e pela cultura consumista.

Nada está desligado de nada. Portanto, os ataques da organização criminosa PCC (e de outras coadjuvantes) não surpreendem. Há tempos, essa gente vem acumulando forças e ampliando sua capacidade logística. Para quê? Para, como numa operação de infantaria, assegurar a posse do território e avançar sobre o terreno inimigo, ou seja, o Estado e a sociedade civil.

No mundo humano tudo tem relação com tudo. Por exemplo, cada ação do PCC tem consigo a mão do playboy que vai à boca de fumo pegar pó pra cafungar numa balada. Por trás de cada ataque se esconde um policial corrupto, um governante omisso ou mesmo um cidadão silencioso sobre o drama social que há décadas corrói o tecido social brasileiro.

E a mídia? Tem culpa, na medida em que usa a violência social na guerra por audiência, em que trata a criminalidade como mera ocorrência policial, em que passa a idéia de que o bandido é um sujeito mau, sem relação com o meio social e o tempo histórico e político em que vive. Onde estava a mídia quando governos desmontavam o Estado, privatizavam tudo e terceirizavam responsabilidades que a sociedade e a empresa privada não têm como resolver?

A chacina da Candelária; o massacre dos 111 no Carandiru; a repressão em Eldorado de Carajás; o assassinato da freira Doroty, tudo isso são sintomas clamorosos de uma grave crise. Os milhares na fila para concurso de gari; a invasão das ruas e praças pelos camelôs; a prostituição à luz do sol; a venda de bugigangas nos semáforos; os sequestros-relâmpagos; os meninos cheirando cola na rua ou dando pega em pedra de crack na cara-dura, nada disso está desligado das ações do PCC.

Observe que, nos últimos anos, boa parte da população brasileira migrou para religiões milagreiras. Por quê? Por causa do desencanto frente às instituições tradicionais – como Estado, partidos e a própria Igreja Católica. A saída religiosa é, ainda que de forma avessa, uma resposta política, mesmo que uma resposta de desencanto político

Portanto, existe um terreno muito fértil à expansão do PCC e para que partes importantes do Brasil virem “ilhas” controladas pelo crime. Um garoto cujo pai ganha salário mínimo de R$ 350,00, ante a oferta do crime de ganhar 1 mil reais por semana, vai fazer que opção? A garota do subúrbio de São Paulo e Rio, vivendo de bico, de subemprego e ganhando salário de fome, como resistirá aos apelos do consumismo? Acabará na cocaína, na balada, na prostituição: vai acabar se ligando ao crime, certamente!

O mais cômodo, neste momento, é denunciar a incompetência das autoridades (e é verdade). Mas isso não resolve. Ou nós decidimos construir um mundo solidário, entendendo que é preciso ter lugar para todos, e um País justo - com educação e oportunidades - ou ninguém terá sossego daqui pra frente.

Há tempos, especialistas vinham alertando para o risco de virarmos uma Colômbia. As previsões agora se confirmam, e no Estado mais rico da Federação! O tempo, como de costume, corre contra nossos interesses. É preciso, portanto, um esforço nacional de pacificação, inclusão social e aparelhamento eficaz do aparato estatal. E essa é uma tarefa coletiva, de toda a Nação.

João Franzin é jornalista e assessor sindical

 
 
 
   
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