19/09/2005
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Elvira Lobato: "Sempre há espaço para boas matérias". Ao lado, José de Alencar, coordenador do módulo | A premiada repórter da Folha de S. Paulo, Elvira Lobato foi a convidada do último sábado (17) do segundo módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter, do Projeto Repórter do Futuro, cursos de extensão universitária para estudantes de jornalismo desenvolvidos pela OBORÉ. Este módulo tem o apoio do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo - Sinpro, Sindicatos dos Jornalistas no Estado de São Paulo, Cursinho Inteligente e Associação Viva o Centro.
Com mais de 30 anos de carreira, Elvira Lobato diz nunca ter-se arrependido da escolha que fez pelo jornalismo, em especial o jornalismo investigativo, mesmo quando os tempos eram outros. "Hoje, há repórteres que ganham mais que editores, o que era impensável quando comecei a carreira", afirma.
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Na conversa de quase duas horas com os estudantes, Elvira Lobato contou como produziu algumas de suas mais importantes reportagens | Decidida desde a época da faculdade, Elvira não esperou o diploma para aventurar-se na reportagem. A primeira matéria, produzida aos 19 anos, quando cursava o primeiro ano na Universidade Federal do Rio de Janeiro foi matéria de página inteira no Jornal do Brasil. A reportagem chamava-se "Moças de pensão". Moradora do Catete, Elvira se misturou às pensionistas do bairro em busca de histórias para sua reportagem. Fez isso outras vezes: na fábrica De Millus, num abrigo de mendigos, numa favela.
O que ela acha de melhor na profissão é isso: a possibilidade de penetrar e conhecer diferentes universos. Elvira afirma encarar com o mesmo entusiasmo as viagens internacionais ou ao cerrado; à Amazônia ou à periferia das cidades. Para ela, o importante é estar atento às fontes de informação que podem vir de todos os lugares. "O repórter precisa ser muito humilde para saber que a fonte pode vir tanto de uma empregada doméstica quanto de uma pessoa mais graduada".
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Estudantes atentos às histórias das grandes reportagens produzidas por Elvira Lobato | Há 20 anos e 11 meses na Folha de S. Paulo, Elvira entende que o bom repórter não deve descartar uma pauta por achá-la inverossímel. "É importante fazer a matéria com convicção, descobrir o que foi omitido ou ignorado". De acordo com ela, a matéria boa é aquela em que se trabalha muito. E o bom repórter aquele que procura saber sempre mais e que respeita o outro, mesmo que seja alguém alvo de acusação.
Depois de falar sobre o processo de produção de algumas das reportagens do livro de sua autoria Instinto de Repórter (Publifolha, 2005), Elvira foi entrevista pelos estudantes.
No próximo sábado, os estudantes receberão o jornalista Sergio Pinto de Almeida, professor do Departamento de Jornalismo da PUC-SP e apresentador do programa "Jornal dos Trabalhadores" na Rádio 9 de Julho. Os convidados realizam palestra, depois concedem entrevista coletiva aos estudantes.
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