12/09/2005
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À partir da esq: José de Alencar, Fred Vasconcelos, Fabio Altman e Sergio Gomes | Estudantes de jornalismo que participam do Projeto Repórter do Futuro, segundo módulo "Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter" entrevistaram no último sábado (10), os jornalistas Fábio Altman, editor da Istoé Dinheiro, e Frederico Vasconcelos, repórter da Folha de S. Paulo, especializado em cobertura de política e de administração pública.
De acordo com a metodologia do PR do Futuro, os convidados realizaram palestra, depois foram entrevistados pelo grupo de 17 estudantes de faculdades de jornalismo da Capital. Tanto Altman quanto Vasconcelos falaram sobre episódios importantes de suas carreiras, dividindo com os futuros jornalistas experiências e dificuldades enfrentadas no dia-a-dia da reportagem.
Autor do livro A Arte da Entrevista (Boitempo, 2004), coletânea de 48 entrevistas realizadas entre 1823 e 2000, Altman dicorreu sobre a pesquisa que resultou na obra de 480 páginas. A edição do material levou em conta a importância histórica de cada entrevista e sua influência no processo político na época em que foi publicada.
Para Altman, a essência do jornalismo é a edição. De acordo com ele, nem sempre é possível o repórter interferir na edição de seus textos mas essa fase da produção jornalística é fundamental na forma como a matéria será lida e entendida.
Segundo Altman, a esperteza não é o mais importante na profissão, o que conta mesmo é a honestidade. E dá uma dica aos futuros repórteres: "Jornalismo não é arrogância nem agressividade como muita gente pensa".
Frederico Vasconcelos, que é autor dos livros Fraude - Os bastidores do caso das importações de Israel pelo governo Quércia (Editora Scritta, 1994) e Juízes nos Bancos dos Réus (Editora Publifolha, 2005), falou sobre o intricado universo do Judiciário. Ele avalia que a imprensa não se esforça para acompanhar as questões dessa área. "Há uma perda enorme de recursos públicos por conta das sentenças do Judiciário e a imprensa não se dá conta", afirma.
Vasconcelos entende que a cobertura desse segmento é tímida porque os jornalistas não acompanham de perto o trabalho dos juízes e desembargadores. "É possível melhorar o noticiário do setor com a aproximação das duas instituições (imprensa e Judiciário)".
Ele concorda com Altman quando este afirma que o repórter tem que trabalhar às claras, sem esconder a identidade, o objetivo da reportagem ou gravadores e filmadoras. "Jornalista não pode julgar, acusar, mas tem que deixar claro, desde o início, que está exercendo o seu ofício".
No próximo sábado, os estudantes receberão a Elvira Lobato, repórter especial da Folha de S. Paulo, autora do livro Instinto de Repórter.
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