27/08/2005
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"Crise política está diminuindo a cobertura de "Cidades", afirma Roberto Gazzi. A partr da esq.: José de Alencar, Gazzi, Sergio Gomes (OBORÉ) e José Salvador Faro, professor da PUC e da Metodista/SP e diretor do Sinpro-SP, apoiador do módulo |
O "fazedor" de jornal, como se auto-define Roberto Gazzi, editor executivo de O Estado de S. Paulo, foi o convidado na manhã deste sábado (27) do 2º módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter, realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo - ABRAJI - e OBORÉ. O módulo, que faz parte do Projeto Repórter do Futuro - tem o apoio do Sindicato dos Professores do Estado e São Paulo - Sinpro-SP, Associação Viva o Centro, Cursinho Inteligente e Sindicato dos Jornalistas/SP.
Há 26 anos no jornalimo, Gazzi confessou se perguntar por que não volta para a rua, onde se faz o verdadeiro jornalismo conhecendo de perto a vida da cidade e de seus personagens. Embora reconheça que o espaço dedicado aos temas locais seja reduzido nos jornais, muito mais agora com a crise política, Gazzi acredita ser possível ampliar a cobertura da editoria de Cidades. "É possível mandar mais repórteres para a rua e melhorar o nível das informações tendo o cuidado de ao dar a notícia, saber analisar, contextualizar, contar histórias."
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Proposta do curso é que os estudantes conheçam melhor a cidade e busquem pautas que a mídia ignora |
Gazzi enxerga na complexidade de São Paulo o maior empecilho para o surgimento de novos cronistas, ao contrário do que ocorre no Rio de Janeiro que, por ser uma cidade menor, é terreno mais fértil para as crônicas. "São Paulo é tão aberta ao mundo que é difícil o aparecimento de cronistas que olhem para dentro da cidade. O olhar vai sempre além da cidade", afirma.
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Na palestra / entrevista coletiva, os estudantes têm a oportunidade de ficar frente à frente com grandes nomes do jornalismo | O jornalista, que criou o caderno Cidades, do Estado de S. Paulo, (hoje Metrópole)onde ingressou em 1990, começou sua carreira no Jornal da República, passando pelo Diário do Grande ABC e Folha de S. Paulo. Gazzi falou ainda sobre a importância do Estadão ter feito a reforma gráfica, em 2004, buscando na renovação do espaço gráfico a melhor apresentação de seu conteúdo.
"A reforma foi bem-sucedida e representou aumento significativo no número de leitores. O jornal passou a vender 10 mil exemplares a mais depois da reforma". A tendência de queda no número de leitores é um problemas que os jornais de todo o mundo enfrentam. No Brasil, o problema se acentuou na década de 80.
Sobre sua participação no curso, Gazzi disse que gostou do contato com os estudantes e do nível das perguntas. "É sempre muito bom para o profissional poder saber o que os estudantes pensam, quais suas preocupações em relação ao futuro e também em relação aos temas da imprensa. Gostei muito da forma do Projeto Repórter do Futuro; muito bem estruturado e acho que é uma belíssima contribuição para a melhoria da qualidade dos futuros profissionais”, afirmou.
No próximo sábado, 3 de setembro, quem encontra-se com os estudantes é Evandro Spinelli, colunista de Política do jornal A Cidade, de Ribeirão Preto (SP). Spinelli é especializado em cobertura política e de administração pública e monitor da ABRAJI para cursos de Reportagem Auxiliada por Computador e cobertura investigativa da administração pública. O módulo tem na coordenação o jornalista e escritor José Roberto de Alencar.
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