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  ´´Imprensa está afastada do cidadão comum´´, diz Dimenstein
Terlânia Bruno
  31/05/2005

"Excepcional a oportunidade do estudante universitário que quer ser jornalista complementar sua formação com pessoas que estão com a mão na massa. Na verdade, não deveria ser um curso complementar, devia fazer parte do curso de jornalismo esse tipo de encontro." Foi assim que o jornalista Gilberto Dimenstein avaliou o Projeto Repórter do Futuro do qual ele participou no sábado 28, proferindo palestra e concedendo entrevista coletiva aos estudantes que fazem o curso "Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter". " Achei excelente o nível das perguntas e o interesse dos estudantes. As pessoas estudando num sábado à tarde, no meio de um feriado, é sintomático da qualidade do curso", disse.

Colunista da Folha de S. Paulo e membro de seu Conselho Editorial, Dimenstein focou sua fala na importância de a imprensa escrita se voltar mais para a comunidade, para os assuntos locais que têm a ver mais de perto com a vida das pessoas. "Chamo de comunidade o indivíduo e suas tribos: a parada gay é isso."






Dimenstein:: "Jornais estão afastados dos temas locais". 
Álvaro de Azevedo (esq.) e Marcelo Soares, coordenadores do módulo 

Para ele, a imprensa está se distanciando cada vez mais do leitor por falta de criatividade e de maior proximidade com o cidadão comum. Competindo com a rapidez da televisão e da internet, o jornal está ficando previsível e o jornalista, acomodado nas redações, deixando de sentir "o pulso da cidade". "O jornalista vive fora dos horários do cidadão comum: não pega o rush, não acorda e não dorme na mesma hora que a maioria das pessoas, afastando o jornal do cotidiano da comunidade."

O jornalismo em geral, diz ele, está viciado em cobrir o poder, traduzido no número de páginas diárias dedicadas à Política ou Economia. Há também, afirma, uma tendência de se buscar notícia em personalidades do mundo acadêmico ou social, ou ainda, através das assessorias de imprensa, em prédios que representam o poder: Assembléia Legislativa, Prefeitura, Palácio do Planalto, Congresso, Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), etc. "Essa é uma das razões da mesmice da imprensa. O jornalista parece que não consegue renovar sua agenda, ou seja, a gente vive num meio fechado em que funciona a lógica do poder, dos notáveis, das celebridades e a cidade e os temas da cidade são mal cobertos." 

"Cafetinagem do fracasso"

Esse distanciamento das comunidades, de acordo com Dimenstein, impede o jornalista de saber o que está acontecendo na periferia da cidade, os movimentos em torno da cultura, da educação e da saúde, deixando de divulgar notícias positivas que interessam às pessoas. Segundo ele, o jornalismo ainda está baseado numa visão negativa do país, onde nada funciona, o que ele denomina como "cafetinagem do fracasso". "São Paulo é uma cidade estupendamente criativa, tensa, estressante, e prenhe de pautas, mas quando você abre o jornal, não vê nada disso", afirma.

O grande buraco na cobertura dos temas locais, impede o jornalista de ter conhecimento de pautas positivas que não são notícia. "Na cidade de São Paulo, 100% das pessoas de 15 a 18 anos estão no Ensino Médio, um nível próximo ao europeu ou norte-americano; de 99 a 2003, o homicídio caiu 20% na cidade; milhares de pessoas freqüentam semanalmente o programa Escola Aberta; há dez anos tem o programa Renda Mínima; existe uma explosão de trabalho voluntário e ninguém sabe dessas coisas".

Dimenstein entende que é preciso também ter instrumental para avaliar essas questões, saber buscar as informações que expliquem o porquê de determinado fato e, nem sempre, o jornalista está preparado para isso. "Nos lugares onde caiu o crime havia o Renda Mínima, o policiamento comunitário. É preciso saber como as políticas gerais impactam a vida do indivíduo. Tem uma série de movimentos na cidade e quem conseguir ver e cobrir melhor estará caminhando para um jornalismo mais moderno e mais próximo do leitor." 


Leia mais sobre o Projeto Repórter do Futuro

 
 
 
   
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