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  O fórum concreto e o fórum abstrato

  04/02/2005

*Luis Fernando Verissimo

O Fórum Social Mundial de Porto Alegre começou como uma paródia birrenta da reunião dos ricos e poderosos em Davos. Uma malcriação, uma inconseqüência de crianças. Pelo menos foi assim que a nossa grande
imprensa o viu, no início. Lembro do próprio ombudsman da Folha de S.Paulo estranhando o desdém com que o jornal tratava o Fórum, apesar das questões e dos nomes importantes trazidos a Porto Alegre já nas suas
primeiras edições. O pouco espaço dado ao evento na imprensa nacional se concentrava no folclórico e no espetaculoso - enfim, nas criancices. 

A repercussão internacional do Fórum e a sua própria expansão de ano para ano, e a crescente evidência de que a saúde e a sanidade do planeta dependem de se encontrar alternativas para o conchavo de Davos que
certamente não sairão de Davos, acabaram aos poucos com o desprezo da grande mídia. Que continua neol iberal de coração, mas, ultimamente, disposta a examinar opções. Uma extensa cobertura jornalística do atual
Fórum começou antes mesmo do Fórum. Os maiores jornais nacionais estão dedicando páginas inteiras ao Fórum, diariamente. Inclusive a Folha. Nunca "inconseqüentes" tiveram tanta atenção.

Mas persiste a idéia de que em Davos se reúne gente grande e aqui menores chorões. Lá pessoas sérias tratando da realidade do mundo, aqui idealistas ingênuos e bagunceiros atrás de utopias ultrapassadas ou do caos. Lá questões concretas, aqui abstrações sortidas levando a nada. Mas sabe qual vai ser o assunto dominante nos escaninhos de Davos, mesmo que não conste dos debates oficiais? O déficit americano agravado pela guerra e o efeito arrasador do seu financiamento sobre as economias e o equilíbrio cambial de todo o mundo. Ou sobre o futuro imediato de um capitalismo refém da mais etérea abstração de todas, a do custo arbitrário de um dinheiro que nunca desce à terra. 

Enquanto isto, em Porto Alegre se estará discutindo, entre algumas criancices, o uso do chão, a boa manutenção do planeta, a preservação da água e a justa distribuição do pão. E a realidade mais concreta de todas: a vida
humana, como protegê-la e como dignificá-la. Porto Alegre, dez a zero.

*Publicado no Zero Hora, na coluna do Veríssimo em 27/01/2005

 
 
 
   
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