18/01/2005
Barbara Crossette, jornalista norte-americana que durante 30 anos trabalhou no New York Times e chefiou os correspondentes do jornal na Ásia (1988 a 1991) e nas Nações Unidas (1994 a 2001), foi a convidada da ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, nesta terça (18), para discutir com profissionais brasileiros temas como a ética no jornalismo e técnicas de reportagem. O encontro, realizado no sede da ABRAJI / OBORÉ, faz parte do programa de intercâmbio do ICFJ - International Center for Journalists, e contou com a participação de jornalistas que atuam nas mídias impressa e eletrônica.
Barbara abordou um problema que vem crescendo em diversos países, especialmente nos Estados Unidos: a queda de credibilidade das reportagens produzidas pela imprensa. "Uma das principais acusações feitas à imprensa no mundo inteiro hoje em dia é de que ela é tendenciosa. Isso acontece por causa de uma arrogância histórica dessa imprensa. Ela muitas vezes recebe reclamações e não as ouve, não faz nada a respeito", afirma.
Essa postura, segundo Barbara, acaba levando à perda de credibilidade e, consequentemente, à queda na circulação dos exemplares e perda de público, mas os meios de comunicação só percebem quando já é tarde demais e isso se reflete em perda de dinheiro.
Ela diz ainda que nas últimas décadas, principalmente depois do caso Watergate, nos anos 70, os prêmios de jornalismo ganharam muita importância e isso acabou levando os jornalistas a buscarem "o furo" a qualquer preço. "Muitos se sentiram tentados a inventar histórias e exagerar nelas, provocando crise na reportagem, no modelo editorial e na administração das empresas jornalísticas, corroendo a credibilidade da imprensa".
Para Barbara, a crise de credibilidade da imprensa norte-americana pode ser traduzida em dois episódios recentes: a reeleição de George Bush, surpresa para muitos veículos de comunicação, e o caso das supostas armas químicas no Iraque. "Em ambos os casos, o problema foi de falha nas reportagens, porque havia informação e ainda assim a imprensa americana, por omissão, preferiu não ouvir todas as vozes".
Desde 2001, Barbara Crossette colabora com o serviço de notícias da ONU. Em sua passagem pelo Brasil, teve encontros com jornalistas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Sul, Bahia, Goiás e Minas Gerais. Contatos para convites podem ser feitos através da ABRAJI, com Marcelo Soares, tel (11) 3214.3766 – ramal 205 - abraji@abraji.org.br
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