04/11/2004
Uma reflexão sobre a educação formal foi o que a professora Ausônia Donato propôs aos participantes do curso “450 Pautas – Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter”, no último sábado (30). Com longa experiência na área da educação, Ausônia Donato é coordenadora pedagógica do Colégio Equipe, que ganhou notoriedade a partir da década de 70 pela qualidade de seu ensino.
Com o objetivo de mostrar o porquê de determinadas aulas se fixarem na memória e o tipo de impacto que essas experiências provocam no aprendizado, a professora pediu aos estudantes que tentassem lembrar de uma aula que, de forma positiva ou negativa, tivesse deixado marcas. Ausônia explicou que existem várias concepções e jeitos de entender a educação que "marca" quando transforma e propicia o desenvolvimento. “O que a gente almeja é ir além da ‘forma’ e para isso, a palavra de ordem hoje é autonomia. Nós educadores lutamos por autonomia e para isso é importante que as escolas sejam autônomas”.
Essa autonomia ficou mais viável depois da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 9394), que permite às escolas criarem seus próprios projetos pedagógicos e organizarem os conteúdos de forma que o aprendizado seja facilitado.
Segundo Ausônia, isso pode acabar com algumas convenções que contrariam a lógica do aprendizado. “Por que aprender raiz quadrada na sexta série se não por arbitrariedade? A rigor, os livros didáticos começam pelo inverso. Os de biologia, por exemplo, começam por células. O ser humano é sempre o último capítulo”.
Dois tipos de educação
De acordo com a educadora, existem dois tipos de educação: um que visa a libertação, a autonomia no pensar, no sentir e no agir. E outro que oprime, que não estimula o aluno a se sentir sujeito, capaz de aprender e dar respostas. “Quanta gente poderia ter feito outras escolhas na vida e desenvolvido seu potencial e isso não aconteceu porque tudo foi feito para que essa pessoa não se constituísse como sujeito!”
E o que seria um aluno “sujeito de sua aprendizagem”? De acordo com Ausônia, além de ter o conhecimento, deve ter consciência do que sabe e precisa ter método. Tem ainda que saber comunicar, ter a capacidade de traduzir e saber agir coerentemente com esse saber.
“Se as escolas conseguissem mostrar para cada aluno que ele é capaz de aprender, ele já se constituiria num sujeito.” Muitas vezes, porém, diz Ausônia, as escolas atuam no sentido contrário, e o aluno acaba por se sentir incapaz de organizar o pensamento, porque não aprendeu a desenvolver uma metodologia de estudo que, segundo ela, a escola deveria ensinar.
Outra dificuldade apontada por Ausonia é que os professores não se esforçam para conhecer os alunos, o que ela considera fundamental para ajudar o estudante a superar dificuldades e potencializar habilidades.
E o que é preciso para aprender? Para Ausônia, estudar é um aprendizado e para aprender "tem que ter uma inquietação". Além de curiosidade, interesse e motivação, é preciso saber sintetizar as informações.
Mais informações sobre o curso "450 Pautas" www.obore.com/450pautas
|