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  ´São Paulo enfrenta a pior crise de desenvolvimento desde 1840´
Terlânia Bruno
  13/10/2004

Os estudantes de Jornalismo que participam do curso 450 Pautas: Descobrir São Paulo - Descobrir-se Repórter tiveram a oportunidade de conhecer as principais políticas da Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade. O economista Márcio Pochmann, responsável pela pasta, foi o convidado, na última sexta-feira (8), do curso que faz parte do Projeto Repórter do Futuro.

Pochmann, que é diretor executivo do CESIT  - Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho - e professor licenciado do Departamento de Política e História Econômica, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp - destacou que a cidade, principal centro de trabalhadores industriais no mundo, enfrentou, nos últimos anos, uma "transição tríplice". De cidade industrial passou a pós-industrial, de metrópole a megalópole, e se consolidou como uma cidade global, com forte concentração de capital. 



À partir da esq.: Marcelo Soares, diretor da Associação Brasileira de Jornalismo 
Investigativo (ABRAJI), parceira da OBORÉ na realização do curso 450 Pautas, 
o Secretário Marcio Pochmann, e o diretor da OBORÉ, Sergio Gomes


De acordo com ele, São Paulo atravessa a pior crise de desenvolvimento desde 1840. "A crise abateu, principalmente a camada mais pobre da população, aumentando a segregação social e a polarização entre ricos e pobres", disse. Na década de 80, de cada 100 pessoas consideradas ricas no Brasil, 22 moravam em São Paulo; em 2000, o número aumentou para 44.

Apesar dos 950 mil desempregados, a cidade ainda é responsável por 70% das oportunidades de trabalho e arca com todas as dificuldades de reunir em sua Região Metropolitana 39 cidades. As pessoas procuram São Paulo para trabalhar e também para se tratar e isso acarreta um custo significativo. "Não existe plano para lidar com 
essa complexidade da Região Metropolitana. Atualmente, um milhão e 300 mil pessoas que trabalham em São Paulo moram em cidades próximas", conta Pochmann.

Considerado referência no campo da gestão do mundo do trabalho e nas questões da inclusão / exclusão social na era globalizada, Pochmann acredita que ações articuladas entre os governos municipal, estadual e federal ajudariam a minimizar os problemas da megalópole, onde 309 mil famílias vivem sem nenhum tipo de renda e outras quase 600 mil vivem em situação de extrema pobreza.

Marcio Pochmann é autor, entre outras obras, do livro Padrões de Relações de Trabalho e Sindicalismo no Brasil ( Editora LTR - 2003) e A Regressão do Trabalho ( Editora e Livraria Anita -2002).

 
 
 
   
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