17/09/2004
Durante o evento “Um dia de um vida
inteira”, homenagem da PUC aos 83 anos de D. Paulo Evaristo Arns, a Comunidade
Coral Luther King e o Fórum Coral Mundial, sob a regência do Maestro Martinho
Lutero, apresentaram ontem o concerto “Cantos de Paz em Tempos de
Guerra”, com músicas que cantam a paz e a liberdade e textos que refletem as
injustiças sociais, as limitações à liberdade e aos absurdos da guerra.
Desta forma, momentos
tortuosos de nossa historia foram lembrados, como a tortura no tenebroso período
da ditadura militar no Brasil, o nazismo e outros infindáveis conflitos e
violências que, infelizmente, ainda se alastram insistentemente por todos os
cantos do globo. Mas como contraponto à dureza de alguns dos textos lidos,
canções repletas do sentimento de esperança e amor.
O Coral Luther King foi criado há 35 anos, em São
Paulo, pelo maestro Martinho Lutero. Em 2002, após uma apresentação de abertura
do 2 º Fórum Social Mundial, acabou por gerar o Fórum Coral. “Várias
pessoas que foram participar do Fórum Social , quando viram aquele coro
disseram: ´bom, se eu soubesse eu também teria vindo cantar´. E então
nós tivemos a idéia de lançar esse Fórum Coral Mundial junto com o Fórum Social
Mundial”, conta Lutero.
Flávia Dantas
Público lotou
o Tucarena na noite de ontem no concerto de
homenagem a
D. Paulo
Para ele, a idéia era criar uma via de mão dupla,
“quem vem para o Fórum por motivos sociais e gosta de cantar aproveita para
cantar dentro do Fórum Coral. Quem vem para cantar, aproveita para participar do
Fórum Social Mundial”.
Apesar de continuar ligado às idéias do Fórum Social, o
Fórum Coral, depois do 3º FSM começa a ter vida própria independente. O
evento “ Cantos de Paz em Tempos de Guerra” é um dos
desdobramentos dessa trajetória solo. Durante toda essa semana quatro concertos
(entre eles a homenagem de ontem a D. Paulo Evaristo Arns) apresentam músicas
tradicionais e populares do mundo todo, com destaque para a 1º audição no Brasil
de Requiem, do compositor negro cubano Esteban Salas, e textos de
Carlos Drumond de Andrade, Martin Luther King, D. Paulo Evaristo Arns, entre
outros.
Presente na apresentação do Coral, D. Paulo elogiou
o evento realizado na PUC, que reuniu durante todo o dia uma série de atividades
e debates em torno de questões bem familiares à ele, como comunicação popular,
rádios comunitárias e democratização da informação. “Tanto os intelectuais como
os simples, todos eles tem alguma coisa a me dizer e me transmitem, sobretudo,
entusiasmo para trabalhar pelos pobres, doentes e por aqueles que mais
precisam”, afirmou D. Paulo. Após o concerto em sua homenagem, ele
conclui: “Eu achei uma coisa finíssima, digna de uma universidade e também
exprimiu aquilo que o povo sente no coração”.
O útimo texto lido na apresentação é do próprio D.
Paulo, onde ele fala sobre a morte de Don Oscar Romero, arcebisbo de El
Salvador, violentamente assassinado em 1980, e questiona o sentido da
paz: “(...) a paz não é simplesmente a ausência da guerra, ela não é
simplesmente bem-estar. A preliminar mais importante da paz é o mistério do amor
incondicional.”
Seguindo na mesma direção das mensagens de
esperança e amor de D. Paulo, o Coral Luther King e o Fórum Coral Mundial, ao
lançarem um olhar sobre o conflito a a guerra, buscam abrir as janelas de “um
outro mundo possível”, através de “um outro canto possível”. Como disse D.
Paulo: “A todos, coragem e esperança!”
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