05/07/2004
Sábado passado, 3 de julho, foi dia de trabalho intenso
para toda a equipe da Rádio Heliópolis. Durante manhã e tarde, ocorreu o
1º Fórum de Avaliação e Planejamento
da
emissora, promovido pela UNAS (União de Núcleos Associações e Sociedades de S.
João Clímaco e Heliópolis) e coordenado pela OBORÉ Projetos Especiais em
Comunicações e Artes. Cerca de 50 pessoas estiveram presentes, avaliando formas
criativas de se desenvolver a rádio daqui para frente.
Depois de o diretor, Geronino Barbosa,
dar as boas vindas, a primeira atividade do dia foi a projeção do filme Uma
Onda no Ar, de Helvécio Ratton. O longa metragem conta a história da Rádio
Favela, de Belo Horizonte, que durante 20 anos resistiu às perseguições da
Polícia Federal até ganhar a concessão de rádio educativa.
Pelos depoimentos dos participantes no
debate que deu seqüência à projeção, aquela história tem – e muito – a ver com a
da rádio Heliópolis. “Vi como é importante o apoio de toda a comunidade”, disse
seu Zé Paraíba, um dos pioneiros da região, que chegou em 1969, quando “não
havia mais que 50 barracos”. Hoje, são mais de 100 mil habitantes.
A história da rádio remonta a 1992,
quando os moradores de Heliópolis, que trabalhavam em um programa de mutirão
para a construção de casas na favela, sentiram a necessidade de se organizar e,
para isso, precisavam de um meio de comunicação. Com recursos obtidos com a
ajuda de padres alemães, que desenvolviam um trabalho na região, foi possível
comprar um equipamento bastante simples. Era o início da Rádio Corneta, como era
antes conhecida, que não passava de alto-falantes nos postes.
Nesses 12 anos, a rádio cresceu, passou a se chamar Rádio
Heliópolis, e se tornou uma importante ferramenta de desenvolvimento e coesão da
comunidade. Hoje, ela é referência entre as comunitárias em todo o País e em
2002 ganhou o prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) por
promoção da cidadania.
Se inspiração veio de sobra ao ver o
filme, a segunda atividade foi justamente colocar a mão na massa. A platéia se
dividiu em grupos de trabalho, sendo que cada um ficou encarregado de pensar
estratégias e sugestões para um aspecto da emissora. O primeiro grupo tratou da
política de alianças, assim como de gestão e formas de financiamento. Entre as
resoluções, estavam estreitar as parcerias e propor aos candidatos a
vereadores que se comprometam com ações voltadas à radiodifusão comunitária caso
sejam eleitos.
Já o segundo grupo tinha como foco a
programação da rádio. Durante a conversa, ficou acertado que os próximos passos
serão investir mais em notícias locais, fazer parcerias com selos independentes
e refazer a grade de programação da rádio. Atualmente a emissora tem ampla
diversidade musical – toca forró, MPB, rock, reggae, rap, sertanejo, músicas
evangélicas etc. - , mas pouco jornalismo. Haverá um encontro para falar
especificamente da programação da emissora.
O terceiro grupo discutiu a parte técnica da rádio:
estúdios, transmissores, torre, computadores, satélite e telecentro. Foi listada
uma série de equipamentos necessários ao bom funcionamento da emissora e
encaminhada uma proposta de parceria com o telecentro que fica exatamente no
andar de cima, no mesmo prédio da emissora. "A rádio não tem um computador e a
idéia é fazer a parceria com o telecentro, que tem equipamentos de última
geração", disse J. Maria, locutor da emissora que participou desse grupo.
Finalmente, a quarta equipe abordou as questões
jurídicas referentes à regularização perante o Ministério das
Comunicações, com a orientação da equipe do Escritório Modelo Dom Paulo
Evaristo Arns, da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica
(PUC_SP). Cada um dos grupos contou
com um coordenador da Rádio e um coordenador da OBORÉ. E em
meio à intensa programação, houve, ainda, um grande almoço de confraternização: uma
feijoada oferecida pela UNAS e preparada por Dona Elenice dos Santos.
Esse foi só o começo do trabalho: já está marcado
para o dia 07 de agosto o II Fórum de Avaliação e Planejamento da
Rádio Heliópolis
.
Entre os apoiadores do encontro estavam: Escritório Modelo
D. Paulo Evaristo Arns da Faculdade de
Direito da PUC-SP; Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações
e Artes da USP; ABMI - Associação Brasileira da Música Independente; CeperRadcom
- Centro de Elaboração de Projetos de Engenharia para Radiodifusão; Quimera
Filmes - Helvécio Ratton, Diretor do Uma Onda no Ar; AMARC-Brasil -
Associação Mundial de Rádios Comunitárias e Cidadãs; e o Centro de Referência em
Saúde do Trabalhador / SP (CEREST).
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