Faleceu neste domingo (19), vítima de câncer, a
professora Gisela Swetlana Ortriwano, do Departamento de Jornalismo da ECA-USP.
Gisela estava internada no Hospital Universitário há dois meses e teve seu
estado agravado nos últimos dias, o que motivou a mobilização dos amigos em
busca de doadores de sangue.
Autora do livro A Informação no Rádio: Critérios de Seleção de
Notícias (1982), referência nos cursos de Jornalismo e Rádio e TV, Gisela
escreveu ainda Os (Des) Caminhos do Radiojornalismo (1990). Deu aulas
durante 29 anos, sempre na ECA. Tinha 55 anos e era solteira.
Amigos presentes ao velório ontem, no Auditório Freitas Nobre, propuseram que
o futuro Estúdio de Rádio do Departamento de Jornalismo seja batizado com o seu
nome .
O corpo da professora foi cremado às 10 horas de hoje,
no Crematório de Vila Alpina, Zona Leste da cidade. Em mensagem enviada aos amigos, que reproduzimos a seguir, o professor André
Barbosa Filho fala da perda de Gisela.
"Companheiros, hoje perdemos uma amiga.
Especial, porque, não apenas foi a primeira a conseguir um título de
doutorado no Brasil, cujo tema foi exclusivamente o rádio mas porque esteve
presente de modo substantivo nos trabalhos dos demais doutores que escolheram o
rádio como objeto fundamental de pesquisa. Especial porque esteve presente nas
qualificações de mestrado, nos projetos acadêmicos, encontros, seminários,
congressos, enfim, em tudo o que dizia respeito ao rádio.
Seu primeiro livro publicado, " A Informação no Rádio " é um marco
referencial para todos nós, citado diariamente nas salas de aula das escolas de
comunicação deste país, em algum artigo ou tese.
Estive agora a noite em seu velório. O auditório Freitas Nobre do CJE-ECA/USP
recebeu nas poucas horas em que pude observar, a visita de professores, alunos,
funcionários que foram prestar sua última homenagem a Gisela.
Por sobre seu caixão, projetada, a foto da Gisela de algum tempo atrás ( do
tempo em que compartilhamos tempos difíceis na TV Cultura de São Paulo, na fase
da repressão ) parecia a insistir, com seu sorriso meio escondido e seu olhar
penetrante e direto para que continuássemos a nossa luta em prol da qualidade do
ensino e da produção radiofônica neste país.
Amanhã, segunda, depois de uma missa, seu corpo será cremado na Vila Alpina e
suas cinzas, conforme seu pedido, espalhadas pelo campus da USP, seu santuário.
Sua obra, aí está. Para os que virão, continuará a ser farol que é pra todos
nós. Mas para os que com ela conviveram, damos graças a sua existência por
melhorar a nossa, tornando-a mais digna através de seu exemplo de vida.
Adeus Gisela das plantas e das flores.
Adeus guerreira do Rádio Brasileiro
André Barbosa Filho"