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  São Paulo realiza sua XII Conferência Municipal de Saúde
Terlânia Bruno / Rafael Garcia
  03/09/2003

Com a palestra "A Saúde que temos, o SUS que queremos em São Paulo", o Secretário Municipal de Saúde, Gonçalo Vecina Neto, abriu hoje o segundo dia da 12ª Conferência Municipal de Saúde que reúne, no Palácio das Convenções do Anhembi, os cerca de 1600 delegados eleitos ou designados pelos segmentos integrantes do Conselho Municipal de Saúde. Distribuídos de forma paritária, 50% deles representam os usuários, 25% os trabalhadores na saúde, 12,5% os prestadores de serviços, e 12,5% o poder público.
 
Nesta Conferência, cujo tema central é "Consolidando o SUS nas Subprefeituras com efetivo Controle Social", serão discutidas e definidas as diretrizes na política de saúde adotada pela Secretaria. Também serão eleitos os delegados para a IX Conferência Estadual de São Paulo e XII Conferência Nacional de Saúde e empossado o Conselho Municipal de Saúde. O encerramento do evento está previsto para as 18 horas desta quinta.
 
A gestão única do SUS (Sistema Único de Saúde) na esfera municipal continua sendo responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde, que responde pelo cumprimento dos princípios constitucionais do SUS. Para isso, a Secretaria articula os 31 Coordenadores de Saúde, garantindo a implementação do Sistema em cada uma das Subprefeituras.
 
Em 1990, a Lei Orgânica do Município determinou a criação das Subprefeituras. O recorte da cidade em 31 Subprefeituras - antes dividida em 28 Administrações Regionais - tem como principais objetivos: o desenvolvimento local ( especialmente nas regiões periféricas), ampliar, agilizar e melhorar a qualidade dos serviços, aproximar o governo da comunidade, facilitar a articulação entre as áreas municipais, e democratizar o poder público, criando canais efetivos de participação popular. 
 
A seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva que o Secretário Gonçalo Vecina concedeu ao programa Gente da Saúde. Nela, o Secretário destaca os sete aspectos que precisam ser melhor trabalhados para que o SUS se consolide na cidade de São Paulo.
 
Modelo assistencial
"O jeito de fazer saúde tem que ser com descentralização que tenha razão de ser. E qual a razão de ser da descentralização? A busca da ação intersetorial, o trabalho conjunto de educação, saúde, cultura, esporte, lazer e assistência social. Nós temos que conseguir fazer isso. Vocês que são dos Conselhos Gestores locais têm que exigir a participação desses outros setores, inclusive nas reuniões, porque a construção da intersetorialidade começa no discurso. O discurso de todos tem que ser realizado no mesmo espaço, objetivando os mesmos fins. A outra questão é buscar a atenção integral dentro desse novo desenho. Que não seja só atender o doente, mas também preservar a saúde. Que seja integrada, que a gestão plena aconteça, que sejamos os responsáveis pela administração das redes que prestam serviço na cidade. É do Estado, é privada, mas se está contratada pelo SUS, é do SUS, deve estar integrada e é responsabilidade da prefeitura fazer isso. Como é que ela vai conseguir fazer isso? Temos que dar um jeito. Isso tem que ser cobrado, fiscalizado, vigiado pela população, pelo trabalhador, pelo usuário. Aprofundar o PSF, levando em conta que o PSF não está sozinho, ele tem que se interligar com os outros níveis do Sistema e tem que se integrar com a Unidades Básicas. Não se trata de fechar a Unidade Básica, mas também não se trata de deixar a Unidade Básica funcionando como sempre. Ela tem que ter um novo modelo de funcionamento nas áreas em que o PSF existe. Como fazer isso? Temos que construir. Temos que ver a questão da demanda. Não se trata de fazer pronto-atendimento em toda Unidade Básica, mas também não se trata de só atender agenda. Agenda é uma parte do atendimento. É uma responsabilidade local que tem que ser localmente resolvida. E a questão do medicamento. Temos que dar um jeito de distribuir medicamento. Não adianta fazer diagnóstico de hipertensão e não tratar."
 
Gestão Participativa
"Que tipo de modelo de gerência queremos? Participativa, baseada em informação.Temos que construir informação. Geramos pouca informação. A maior parte da informação que geramos é sobre mortalidade. Temos que ter informação sobre doença. Numa cidade de 10 milhões de habitantes, não dá para falar em informação sem informatização, sem computador. Temos que implantar. Isso não é barato, mas tem que ter gasto com informatização. Isso também vai depender do trabalhador olhar de maneira diferente a informática e os Conselhos, que também vão utilizar essa informação. E nós temos que fazer com que isso aconteça."
 
Recursos Humanos
"Nós temos que aprofundar o funcionamento das mesas de negociação. Criar as mesas de negociação nas Subprefeituras como já criamos nas Autarquias e nós temos também ser radicais no processo de capacitação permanente de todos os trabalhadores. Os 45 mil trabalhadores têm que estar continuamente sendo capacitados. O trabalhador só faz o que deve ser feito se souber o que tem para fazer e para saber tem que ser capacitado. A capacitação é um esforço permanente em qualquer organização e na saúde que toda hora tem novidade, tem conhecimento novo, nós temos que ter capacitação permanente. Isso é muito difícil, mas temos que fazer. Temos também que recuperar os salários dos nossos servidores que está muito defasado. E temos que pensar na visão de futuro que esse trabalhador tem na rede com a implantação dos planos de carreira e salário".
 
Financiamento
"O quarto grande desafio é o financiamento que precisa ser transparente para que a Emenda Constitucional 29 do nosso Eduardo Jorge seja cumprida. As transferências têm que ser para o Fundo Municipal de Saúde. O Estado tem que transferir seus recursos para o Fundo Municipal de Saúde. Hoje não tem um tostão do Estado para o Fundo. Quem toma conta da saúde no município é o município com os recursos das três esferas. O recurso do Estado não é do Estado é do cidadão. O recurso federal não é da Federação é do cidadão. O cidadão mora onde? No município. O município de 10 milhões de habitantes não aceita discussões, é um Estado, é um país, e por isso, os recursos tem que vir ao Fundo ser executados pelo Fundo Municipal e tem que ter cobrança da população de como está sendo usado, avaliado, acompanhado pelo Ministério Público, pela Imprensa. Além disso, temos pouco dinheiro. Se queremos ter um Programa de Saúde da Família - PSF - para toda a cidade. Cada 400 equipes do PSF  custa 1% do orçamento da cidade. Nós já estamos com 15% do orçamento este ano. Se em 2004 quisermos fazer mais, vamos precisar de mais recursos. Vamos ter que sair dos 15%, se quisermos ter mais equipe do PSF. Não tem saída. (Diadema por exemplo, já tem 30% do orçamento) Não precisamos chegar a 30%, mas temos que aumentar se quisermos aprofundar a construção do SUS e melhorar o SUS na cidade de SP".
 
Plano de Saúde
"Plano de saúde não pode ser meia-boca. Essa decisão do Supremo Tribunal Federal tem que ser duramente criticada por toda a sociedade brasileira. Deixar que exista um plano meia- boca significa deixar que exista um planinho que tira o cidadão da consulta básica da nossa fila, mas ele continua consumindo alto custo na fila do SUS. Então, tudo o  que é caro o SUS paga com dinheiro de todos, tudo o que é barato o plano lucra com o dinheiro de alguns. Isso está errado, é injusto. O que é dinheiro do povo tem que ser usado para tratamento de todo o povo. Não pode haver renúncia fiscal como nós temos hoje. Quer ter plano? Tenha um bom plano e pague por esse plano e que o plano lucre, se for o caso. Agora, não tem plano? Venha lutar para a construção de um SUS melhor junto com toda a população".
 
Controle Social
"O controle social nós temos que aprofundar. Dar nexo à construção do restante dos Conselhos locais. Hoje já temos mais de 300 implantados nas nossas Unidades. Mas ainda tem a questão de como funciona o Conselho, como o Conselho tem acesso e usa a informação. Temos que treinar os nossos conselheiros continuamente também. Além de treinar os conselheiros temos que dar apoio aos Conselhos, não necessariamente um gestor dando opinião chapa branca, ou um trabalhador dando a sua opinião da corporação, mas tem que ter um olhar externo, que seja isento para que o Conselho possa tomar suas decisões e amadurecer suas opiniões. Temos que aprender a fazer isso. Muitos têm ouvido elogio ao funcionamento da eleição para o Conselho de Habitação que foi uma eleição direta. Será que temos que fazer eleição direta para a Saúde? Eu penso que não. Na Saúde nós temos trabalhar com o tecido social organizado. É através das organizações populares que nós vamos pinçar os conselheiros que vão então representar a população no seu processo de tomada de decisão e de controle social."
 
Direito à Saúde
"O Direito à Saúde que é o que coroa toda nossa luta. Nós temos que pensar nas minorias, nos eternamente injustiçados como é o caso dos negros na sociedade brasileira. Eles são diferentes e têm necessidades diferentes. Nós temos que criar mecanismos que ajudem a gente a identificar o que é diferente e ao diferente tratar diferente. Quem tem menos dar mais, quem tem mais, dar menos. Temos que trabalhar melhor com o Ministério Público, tanto do ponto de vista de apurar denúncias quanto de dar respostas às exigências que o Ministério Público faz. E manter a transparência para que o direito possa ser exercido, manter a transparência na relação com a imprensa. A imprensa erra às vezes, mas foi muito importante na construção do que nós temos hoje de SUS, através de cobranças e denúncias. Esse é o conjunto de elementos que a gente podia trazer para vocês nesse curto espaço de tempo. Espero que sirva à reflexão de vocês e que usem para também fazer a sua parte na construção do nosso Sistema Único de Saúde"
 
 
 
   
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