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  Rádio pernambucana é invadida hoje pela Anatel
Giovanna Modé
  13/08/2003

Eram 13h30 quando o tocou o telefone no estúdio da rádio Imprensa FM, no pequeno município de Paulista, a 40 minutos de Recife (PE). "Desce alguém que quem tá aqui é a Anatel". Dona Francisca Ivanilma obedeceu e pediu apenas para que dessem três minutos, tempo de chamar o dono da rádio, seu marido, Hamilton José.
 
Como ela e os outros dois funcionários já haviam visto esse filme antes em diversas emissoras comunitárias Brasil afora, usaram os três minutos, na verdade, para esconder o transmissor da rádio. Os três funcionários da Anatel não demoraram a subir e insistir pelo transmissor, que seria lacrado imediatamente. "Se vocês não derem, vai ser pior, vamos chamar a Polícia Federal", diziam, segundo lembra dona Francisca.
 
Durante as duas horas que ali permaneceram, filmaram cada canto da pequena sala,  fizeram um interrogatório interminável e ameaças: "Vocês podem ser presos e para sair vão ter que pagar uma fiança de R$ 200". Só perguntavam e a única pergunta feita pela equipe da rádio - qual eram seus nomes - não foi respondida.
 
O "crime" cometido pela rádio Imprensa FM, inaugurada há apenas três meses, é ir ao ar sem outorga do Ministério. Ela transmite músicas, programas evangélicos e pelo menos três horas diárias de jornalismo, das 9h às 12h da manhã, num quadro batizado de "Imprensa do Povo".
 
Os fiscais só amansaram o tom quando chegou Severino Ramos Pereira, dono de outra emissora da região, a JPS FM, e Jair Sirilo, da rádio Furacão FM de Recife. Ambos estão à frente da Fercom - Federação de Radiodifusão Comunitária de Pernambuco -, criada há pouco mais de um mês para defender os direitos das rádios cidadãs na região e lutar justamente contra esse tipo de perseguição.
 
Essa entidade representa 89 emissoras de Pernambuco, Estado onde pouquíssimas concessões foram dadas pelo Ministério até hoje. Os dois radialistas argumentaram contra a arbitrariedade daquele tipo de invasão e conseguiram fazer com que os fiscais saíssem - e sem levar o transmissor. De lá a equipe da rádio foi imediatamente prestar queixa na delegacia de Paulista.  
 
A rádio Imprensa FM enviou a documentação para o Ministério das Comunicações, que tem sobre a mesa uma pilha formada por centenas de outros processos, e aguarda a concessão. O último resultado dessa análise saiu no dia 3 de julho, dando a situação das 4.400 rádios comunitárias que aguardavam. Apenas 73 processos tiveram suas autorizações publicadas em portarias no Diário Oficial. Entre os restantes, 112 foram concluídos e estão em análise na Consultoria Jurídica e serão brevemente autorizados; 82 se encontram na etapa de acordo entre concorrentes de outorga; 2001 estão aguardando informações adicionais e 1889 foram arquivados.
 
Essa história - ter o estúdio invadido e ameaçado, como se fossem verdadeiras criminosas -, infelizmente, não é novidade e já faz parte do universo das rádios comunitárias de todo o País. Mas elas resistem e insistem em levar informações e prestar serviço a suas comunidades, mesmo sem a autorização oficial.  
 
 
 
   
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